Nesse tipo de construção interrogativa, em lugar de raio, é preferível diabo: «Quem diabo é aquele?» Em alternativa, também são adequadas as soluções propostas pela consulente.
Não encontrei nos dicionários nem nas gramáticas de que dispus nenhum comentário sobre o uso de raio no contexto em questão, mas o exemplo enviado parece apresentar um uso muito marginal deste substantivo como interjeição, aparentemente em lugar de diabo, também com valor interjetivo:
«Quem diabo é aquele?» > «Quem raio é aquele?»
Não havendo doutrina sobre este caso entre os gramáticos normativos, vale a pena examinar o uso destas interjeições e procurar definir preferências de uso. Fiz, por isso, uma pesquisa no Corpus do Português, que reúne textos literários e não literários para pesquisa de palavras. Verifiquei que a expressão «que raio» ocorre frequentemente depois de que interrogativo («que raio de...», «por que raio...», «que raio fizeste...»), mas é muito rara a sua associação a quem: com efeito, «quem raio...» apenas figura uma vez, num texto da escritora portuguesa Hélia Correia. Tudo isto sugere que se evita tal associação.
Poderia pensar-se que o mesmo aconteceria com diabo, mas a verdade é que, com valor interjetivo, este vocábulo ocorre associado não só a que interrogativo em contextos semelhantes aos de «que raio» (751 vezes no referido corpus), mas também a quem de modo mais significativo do que «quem raio» (24 vezes, idem). Esperar-se-ia que raio pudesse substituir diabo mais vezes, mas os dados não confirmam essa possibilidade. Tudo isto sugere que o uso de «quem diabo» se cristalizou, enraizando-se de tal maneira no conhecimento dos falantes de português, que outro substantivo em seu lugar motiva grande estranheza entre muitos deles. É o caso com a consulente e, confesso, também comigo.