De facto, não há consenso entre os dicionários consultados. No Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, encontram-se as formas maré alta e maré cheia, sem hífen, a par de outras expressões, como maré baixa, maré crescente, maré decrescente, maré negra, maré oposta, maré vazia, maré viva, etc. Já o dicionário brasileiro Houaiss regista maré-cheia (com hífen), sinónimo de maré alta (sem hífen). As demais expressões, neste dicionário, surgem sem hífen: maré alta, maré baixa, maré atmosférica, maré crescente, maré descendente, etc.1
Emprega-se o hífen quando os termos unidos por esse sinal gráfico constituem uma unidade de sentido e formam um novo vocábulo, composto pelos dois termos que o originam (por exemplo, preia-mar, baixa-mar), e que por vezes se aglutinam, como em girassol.
A diferença verificada nas expressões em apreço (maré cheia/maré-cheia) deve-se, possivelmente, a uma diferente interpretação na aplicação da regra de uso do hífen, conforme se considere cheia um adjectivo qualificativo do substantivo maré (maré cheia) ou se considere o conjunto como um todo (maré-cheia, substantivo feminino).
Por uma questão de coerência, parece-me preferível o critério adoptado pelo Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, que regista sempre sem hífen as diferentes expressões. Igual critério é adoptado pelo dicionário brasileiro Novo Aurélio Século XXI.
1 A forma registada pela Academia Brasileira de Letras no seu Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (5.ª edição conforme o Acordo Ortográfico de 1990) tem também hífen: maré-cheia.