DÚVIDAS

Análise sintáctica (provar e saber)

Em conversa com colegas da minha escola, surgiu-nos um problema: como analisar sintacticamente a seguinte frase: «Provo-me e saibo-me a sal»?
As dúvidas relacionavam-se sobretudo com a parte final: «-me a sal». Partindo do princípio de que o pronome me desempenharia a função de «complemento indirecto», seria «a sal»:

a) um complemento directo?;
b) um predicativo do complemento indirecto?;
c) um predicativo do sujeito, sendo que o verbo poderia ter o valor de um verbo copulativo?
d) ...?

Gostaria, por isso, que me enviassem a vossa análise sintáctica da frase acima referida.
Agradeço a vossa ajuda e todos os preciosos esclarecimentos que, indirectamente, tenho vindo a receber através da consulta do vosso "site".

Resposta

Importa, antes de mais, salientar a criatividade da frase, que implica um uso nada comum dos verbos. Tendo este aspecto em conta, e assumindo que os verbos estão usados como reflexos, o pronome me desempenha a função de complemento directo, tal como em «vejo-me ao espelho». Com efeito, o que caracteriza um reflexo é o facto de a acção do sujeito ter efeito sobre o próprio sujeito.

Assim, a frase «provo-me» tem a seguinte classificação:
Sujeito subentendido: «eu»
Predicado: «provo-me»
Complemento directo: «me»

A frase «saibo-me a sal» classifica-se da seguinte forma:
Sujeito subentendido: «eu»
Predicado: «saibo-me a sal»
Complemento directo: «me»
Complemento preposicionado característico do verbo saber: «a sal». O valor semântico deste complemento relaciona-se com o paladar.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa