Muitas são, de facto, as frases usadas no nosso quotidiano que não apresentam a estrutura linear das frases declarativas (sujeito — verbo — objecto). Eis alguns exemplos:
(1) «Que seca!»
(2) «Seu idiota!»
(3) «Não pisar a relva.»
(4) «Pudesse eu recompensar-te!»
(5) «Que Deus te proteja!»
Com efeito, as frases da língua podem ser agrupadas em cinco tipos, tendo em conta as suas propriedades sintácticas (ordem de palavras), morfológicas (tempo e modo verbais) ou prosódicas (entoação):
- Tipo declarativo — Ex.: «A Clara gosta de cozinhar.»
- Tipo interrogativo — Ex.: «Gostas de cozinhar?»
- Tipo exclamativo — Ex.: «Que tarte deliciosa!»
- Tipo imperativo — Ex.: «Não comas a tarte antes do jantar!»
- Tipo optativo — Ex.: «As crianças que se atrevam a comer a tarte!»
As frases que enuncia pertencem ao último grupo — Trata-se de frases de tipo optativo, uma vez que exprimem um desejo do locutor. Designam-se optativas, porque têm implícito um verbo optativo:
Ex.: «(Desejo) que Deus o acompanhe!»
As frases optativas não elípticas (ou seja, frases em que o verbo está presente) exigem o modo conjuntivo, e a ordem das palavras é a linear (sujeito — verbo):
Ex.: «Que Deus o acompanhe!»
As frases optativas podem também ser introduzidas pelas expressões Deus queira que, oxalá:
Ex.: «Oxalá fosse eterna esta aventura!»
Na ausência de uma expressão deste tipo, algumas frases optativas exibem a ordem verbo — sujeito, e o tempo verbal escolhido é o imperfeito do conjuntivo, ou o pretérito mais-que-perfeito do indicativo:
Ex.: «Pudéssemos nós dar-te o que mereces!»
«Quisera eu saber bem o Português.»
Em conclusão, há determinadas frases da língua que não apresentam a ordem canónica do português (sujeito — verbo — objecto), e das quais não é possível fazer uma análise sintáctica.
Disponha sempre!