«A vida é muito curta para ser pequena».
Antes de mais, devemos tentar compreender o sentido desta frase. No seu predicado confrontam-se dois conceitos: a brevidade da vida e, como consequência, a necessidade da sua grandeza.
Entendida deste modo, a descrição sintáctica é: Suj.: a vida; pred.: é muito curta para ser pequena
Entendemos que a função sintática daquele SP (sintagma preposicionado) «para ser pequena» é a de adjunto circunstancial consecutivo.
Poderíamos, também, descrevê-lo como adjunto circunstancial relativo: a vida é curta quando relacionada com a dignidade, ou grandeza, que dela se espera.
A vida é curta [para ser pequena] - como poderia ser curta [para a alegria] ou curta [para ler). Mas a mesma vida também é longa para outras coisas: longa [para sofrer], por exemplo.
Assim, a vida pode ser curta ou longa, conforme os termos com que a confrontemos (relacionemos).
Por estes dois motivos, atribuímos ao SP «para ser pequena» a possibilidade de ser interpretado como adjunto circunstancial consecutivo ou relativo.
Logo, à pergunta «é causal a oração subordinada?» respondemos que não. Não é por causa de ser pequena que a vida é curta; também não é uma oração final: a vida não é curta para ser pequena.
Nota final: Todos reconhecemos que a alma humana é insondável. Por isso, aceitamos que a frase, que é a sua expressão, seja, por vezes, de análise muito discutível. Um teorema matemático demonstra-se; a frase, como expressão individual, está, muitas vezes, para lá das possibilidades da nossa análise. A sintaxe é busca incessante, e apaixonante, do sentido que se oculta em cada frase.