Na linha da análise de Peres & Móia, que é a análise adotada pela linguística atual, proponho a seguinte análise da frase «Amar pode ser a solução para se viver melhor»:
Frase matriz: Amar pode ser a solução para se viver melhor
1.ª frase encaixada: completiva nominal não finita, com a função sintática de complemento do nome solução: para se viver melhor
2.ª frase encaixada: completiva não finita infinitiva, com a função sintática de sujeito: amar
Eis a justificação desta proposta:
1.ª frase encaixada: completiva nominal não finita, com a função de complemento do nome solução: para se viver melhor
Solução é um nome que seleciona um complemento, tal como o nome certeza (certeza de vencer); medo (medo de arriscar); honra (honra de ser convidado), ideia (ideia de viajar).
Assim, a oração «para se viver melhor» é classificada de completiva nominal, porque completa o valor semântico do nome solução.
2.ª frase encaixada: completiva não finita infinitiva, com a função de sujeito: amar
Amar é um predicado que, nesta frase (ou oração), tem os seus argumentos omitidos. Por hipótese: “ alguém” amar “alguém” pode ser a solução…
Ora, se não considerássemos “amar” como um domínio oracional, como explicaríamos os seguintes casos?
(a) Fazer exercício físico faz bem à saúde.
(b) Fumar faz mal.
(c) Amarmos os nossos inimigos é uma grande virtude.
(e) Entristeceu-me teres faltado ao encontro.
(f) Agrada-me ver o mar.
Não há dúvida de que as orações sublinhadas acima são completivas não finitas que desempenham a função de sujeito do verbo matriz.
Porque são orações? Porque contêm um domínio de predicação: um predicado e os seus argumentos, ainda que o sujeito desses predicados esteja vazio no plano sintático:
(a) (alguém) Fazer exercício físico faz bem à saúde.
(b) (alguém) Fumar faz mal.
(c) (nós) Amarmos os nossos inimigos é uma grande virtude.
(e) Entristeceu-me (tu) teres faltado ao encontro.
(f) Agrada-me (eu) ver o mar.