Em primeiro lugar, agradeço, em nome da equipa do Ciberdúvidas, as simpáticas e encorajadoras palavras com que nos brindou, esperando não defraudar as expetativas de todos os que se nos dirigem.
Respondendo às questões apresentadas:
Se tivermos como referência a gramática tradicional, classifica-se «além de» como locução adverbial (além é um advérbio, seguido da preposição de). No caso apresentado, em «além do» há, de facto, a contração da preposição de com o pronome demonstrativo o, simbolizando aquele: «além do» = «além do evangelho»).
No entanto, se verificarmos com atenção o valor de «além de», apercebemo-nos de que, a nível da análise do discurso e da comunicação discursiva, se trata de um conetor discursivo — ou seja, «um
articulador ou marcador discursivo «que liga um enunciado a outro enunciado ou uma sequência de enunciados a outra sequência, estabelecendo uma relação semântica e pragmática entre os membros da cadeia discursiva, tanto na sua realização oral como na sua realização escrita» (Dicionário Terminológico, C. Análise do discurso C.1.1. conetores discursivos).
Uma vez que estabelece entre os enunciados uma relação de adição, é um conector aditivo ou sumativo (tal como «além disso», «ainda por cima», «do mesmo modo», «igualmente»).
Quanto às questões sobre a função sintática de o, teremos de ter em conta dois aspetos:
a) é um pronome demonstrativo;
b) «o que» forma um todo e é um pronome relativo (ver Textos Relacionados).
Assim, se considerarmos a hipótese a), conclui-se que o não desempenha função sintática na oração introduzida por que (oração relativa), mas, sim, na oração precedente (oração subordinante). Tomando como base o ponto b) é a expressão «o que» que tem uma função sintática na oração relativa.
Em termos gerais, perante a análise em a), direi que o não desempenha função sintática na oração introduzida por que (oração relativa), mas, sim, na oração precedente (oração subordinante). Optando pela análise b), é a expressão «o que» que tem uma função sintática na oração relativa.