A estrutura das palavras complexas formadas por derivação corresponde a uma expansão da estrutura morfológica das palavras simples do português:[[i] prefixo [legal] palavra simples ] palavra complexa. A prefixação é o processo de formação de palavras complexas que consiste na associação de um prefixo à esquerda da base para modificar a sua significação. Os prefixos possuem algumas propriedades que permitem distinguir a prefixação de outros processos de formação de palavras: a) Não alteram a categoria sintáctica da palavra, conforme legal adjectivo > ilegal adjectivo; b) Não determinam o valor das categorias morfológicas, morfossintácticas e morfossemânticas, conforme matrícula feminino, contável > pré-matrícula feminino, contável. Os prefixos transmitem diferente informação morfossemântica (ver Maria Helena Mira Mateus, Gramática da Língua Portuguesa, 2003, 964). A composição é um processo diferente da derivação por prefixação. Enquanto a prefixação consiste na junção de um prefixo (partícula afixal que transmite informação semântica) a uma base primitiva ou derivada, a composição consiste na junção de duas ou mais palavras ou radicais, que podem ser de categorias gramaticais diferentes, a fim de constituírem uma só. Nas palavras compostas cada elemento possui um sentido isolado distinto, mas os dois ou mais elementos reunidos possuem um significado único, como, por exemplo, amor-perfeito (nome de uma flor). A palavra que resulta deste processo tem um significado composicional específico. A Gramática da Língua Portuguesa distingue dois tipos de composição:– composição morfológica (cf. luso-brasileiro, fonologia) – composição morfossintáctica (cf. aluno-modelo, surdo-mudo, abre-latas). A composição morfológica consiste na concatenação de dois ou mais radicais, exigindo a presença de uma vogal de ligação que serve de delimitador da fronteira entre eles: [fon] o [log] ia. Os compostos morfológicos podem estabelecer uma relação de modificação em que o núcleo se encontra à direita (fonologia tecnocracia) ou uma relação de coordenação (luso-brasileiro, político-cultural). Na composição morfossintáctica, as unidades lexicais exibem propriedades de estruturas sintácticas e de estruturas morfológicas. Estas podem ser geradas por processos de adjunção (aluno-modelo), por conjunção (surdo-mudo) ou reanálise de uma expressão sintáctica (abre-latas). Concluindo, vice-, ex- e ultra- são prefixos, pois associam-se a bases para modificar o seu significado. Para além disso, vice-, ex- e ultra- não constituem unidades isoladas. As palavras que integram os prefixos são derivadas por prefixação, conforme vice-rei, ex-presidente e ultra-som. Na composição, pelo contrário, não existe uma base, mas, sim, duas ou mais unidades que existem isoladamente com um significado próprio. A junção destas unidades origina uma só unidade com um novo significado.