Na maioria dos dicionários pesquisados, o substantivo telefonema surge como masculino; não obstante, o Dicionário Houaiss, em nota etimológica, regista o uso de telefonema no feminino, embora o classifique como vulgar: «telefone + -ema (masc., vulgarmente fem.)». Isto significa que, no português popular do Brasil, é possível atestar usos de telefonema no feminino (no português de Portugal, parece ainda raro). Note-se, porém, que se trata de um feminino que não é aceite pela chamada norma-padrão, mesmo no Brasil, como comprova o registo da palavra por Maria Helena de Moura Neves (Guia de Usos do Português, 2003) e Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, 37.ª ed. 2002, p. 139), autores que mencionam telefonema justamente para assinalar que lhe é dado o género masculino. Este vocábulo vem do grego tẽle, «longe» + phónema, «som da voz».
A utilização do determinante artigo feminino, tanto definido como indefinido, antes da palavra [como acontece principalmente no Brasil] só pode ser entendida devido à finalização em -a, vogal característica do feminino na língua portuguesa. Este uso poderá estar a generalizar-se, e daí a obra Não é errado falar assim, de Marcos Bagno, mencionar telefonema como substantivo de género variável. A perspetiva de Marcos Bagno inscreve-se numa corrente de opinião no Brasil, segundo a qual o uso da língua deve estar menos sujeito às restrições e censura da tradição da gramática prescritiva, e devem aceitar-se os dados da descrição linguística. Contudo, enquanto a sua utilização não for consagrada pelo uso culto, deve ser considerada errada.