A pronúncia de intoxicação com o som que x tem na palavra baixo (em alfabeto fonético [intɔʃikɐs̃ɐ̃w]) está também registada no Grande Dicionário da Língua Portuguesa (2003), da Porto Editora. No entanto, o Vocabulário da Língua Portuguesa (1966), de Rebelo Gonçalves, indica claramente que a letra <x> deverá ser pronunciada como [ks]. Do ponto de vista normativo, é, pois, preferível esta última pronúncia, muito embora o uso que indigna a consulente esteja em expansão e, como se vê, já tenha chegado a obras com finalidades normativas.
Este facto não nos deve admirar: por exemplo, durante muito tempo, os latinismos que incluíam a letra x pronunciada como [ks] eram adaptados ao português, substituindo tal pronúncia por um som simples, [s], em posição medial.1 Isto explica que actualmente a palavra próximo soe como "próssimo" e não como "prócsimo". Talvez a pronúncia em causa se insira nesta tendência para os sons simples, embora seja sobretudo reflexo de uma leitura desconhecedora da etimologia de intoxicação, que parece estar também a afectar a palavra tóxico. De qualquer modo, não tenhamos pressas, porque a mudança está a encontrar resistências, como a consulente mostra com energia, e continuemos a recomendar a pronúncia [ks] para o x de intoxicação e de tóxico.1
1 Em posição final, a pronúncia de x teve a mesma a evolução da associada a s na mesma posição, realizando-se como [ʃ], no português europeu e de alguns dialectos brasileiros (o carioca). Daí fénix, e Félix, com x a soar aproximadamente como de baixo numa pronúncia mais tradicional . Mais recentemente, numa mudança induzida pela ortografia, muitos falantes articulam como [ks] este x (cf. Ainda a palavra fénix).