Jipe — veículo motorizado versátil de tração às quatro rodas (Dicionário Houaiss) — faz parte do grupo de palavras com origem numa marca registada de um produto e que, por um processo metonímico, passaram a designar uma categoria de produto, independentemente de o mesmo ser produzido por outras firmas e de ostentar um nome diferente.
A entrada destas palavras no léxico varia de país para país, mas poderemos dar o exemplo de gilete para designar uma lâmina de barbear, de cotonete para haste flexível, de bic para designar uma esferográfica (já em desuso), de xerox para referir uma fotocópia (apenas no Brasil) ou de polaroide para referir uma fotografia com revelação instantânea na própria máquina fotográfica (veja o título Polaróides Urbanas, filme de Miguel Falabella).
Quando usadas para referir uma categoria de produto, as palavras são adaptadas à grafia da língua portuguesa, daí gilete (e não gillette), jipe (e não jeep) e polaroide (e não polaroid). Não há incoerência se pensarmos que estamos a designar não a marca, mas o produto. Certos produtos, cujos nomes são estrangeirismos, sofrem adaptações ainda mais profundas, como em sanduíche (sandes em Portugal) a partir de sandwich.
Como refere o consulente, a grafia das marcas (e serão Blackout e Blacktie marcas ou nomes de grupos musicais?) que o consulente apresenta está registada e não deve ser alterada, havendo leis que protegem a imagem e o nome das marcas.
Quanto às palavras sobre as quais não temos a certeza se serão referências do consulente a nomes comuns, relembramos: para pick-up e blackout, a Academia Brasileira de Letras faz-lhes corresponder as formas picape e blecaute (apenas no Brasil, sendo mais comum noutros países apagão e carrinha ou carrinha de caixa aberta); icebergue é, por enquanto, a forma consagrada em todos os países lusófonos (lendo-se «aicebergue») e em vez de blacktie é mais comum em Portugal o anglicismo smoking.