A palavra campus tem como entrada no dicionário campus,-i, ou, se escrevermos as duas formas por extenso, campus, campi (= o campo, do campo). A primeira forma corresponde ao nominativo, e a segunda, ao genitivo, ambos do singular. O nominativo do plural é campi – os campos – (o genitivo é camporum – dos campos). Não estão, pois, errados, os que dizem campi, se se referirem a mais de um local. A forma campii pode corresponder a uma simples brincadeira, ou pode ter subjacente o conhecimento de que há palavras latinas em cujo final podem ocorrer dois -ii. Essa situação encontra-se, por exemplo, na expressão Ius Latii – Direito Latino, ou, de forma literal, Direito do Lácio. Quanto a campuses, bom! É um jogo com um plural equivalente ao de ananás, ananases, e imagino que surja como mera brincadeira!
Relativamente ao som /u/, não só existia no latim como equivalia a dois sons do português: o da vogal u e o da consoante v. Quando minúsculo grafava-se como o nosso u. Quando maiúsculo escrevia-se V. Pronunciava-se sempre como /u/. Assim, a palavra vivo, primeira forma do verbo viver, escrevia-se uiuo com minúsculas e VIVO com maiúsculas. Lia-se sempre u (com o o final bem pronunciado…) pois o som /v/, esse, sim, não existia no latim.
Voltando ao termo campus e à reacção dos catedráticos se o ouvem pronunciar campo, o que seria de surpreender era que não reagissem! Quando a forma latina foi recuperada com o sentido de espaço onde se localizam instalações universitárias, em detrimento de campo, terá havido, subjacente, uma intenção de cariz erudito. Deve, por isso, soar, para um catedrático, como plebeísmo grosseiro o uso de campo para designar um campus universitário.
Parece-me, assim, que é de respeitar o termo campus. E se a universidade se espalhar por mais do que um, poderemos referir-nos aos seus campi.