Antes de mais, há que distinguir os sufixos dos não sufixos, ou seja, da raiz da palavra. Nos exemplos que nos manda o consulente, apenas -aco é sufixo derivacional, ou seja, é um sufixo que pode ser usado para formar adjectivos de substantivos. O mesmo sufixo é um dos sufixos que indicam «natural de». Indicamos abaixo a respectiva origem:
-aco 1, sufixo tónico (do lat. -accu), como em eslovaco.
-aco 2, sufixo átono (do lat. -acu), como em austríaco.
Quanto a "-aio" e "-garo", não os podemos considerar sufixos, e -eco é um sufixo, mas com uma conotação depreciativa, normalmente usado na formação de alcunhas (ex.: padreco, marreca, careca, etc.) e, na sua maioria, nomes, não adjectivos. A terminação de sueco é pura coincidência, o gentílico deriva do topónimo Suécia : «sueco, alt. da f. ant. suécio (1572), do top. Suécia, adaptação vern. assim como o esp. Suecia, it. Svezia, fr. Suède, ing. Sweden e o al. Schweden do nome do país, em sueco Sverige; o top. origina-se do velho norreno Svearike, Svear-rige 'império, país dos suiões', antigo povo escandinavo mencionado por Tácito (c55-c120 d.C.), na Germânia (ver suião), como habitante do actual território da Suécia; f.hist. 1877 suéco (De Suécia, top.)»
Aos restantes gentílicos também não são afixados sufixos derivacionais, mas apenas flexionais, de género (-a/-o), e, eventualmente, de número: (-s).
Vejamos a origem desses gentílicos:
Malaio
«orig. contrv.; Dalg. abona o adj. malaio desde 1516, supondo que se prenda ao v. jav. maláyu 'fugir', pois a tradição recolhida por historiadores diz que foram fugitivos javaneses que fundaram Malaca; hoje, porém, prevalece como étimo o dravídico malai 'monte', sanscritizado Malaya e aplicado à parte meridional dos Gates ocidentais; o port. malaio (cf. ing. Malay) corresponde ao sânsc. Malaya, anteriormente referido; a partir de 1963, os Estados da Malaya, o Sabah, o Sarawak e (até 1965) Cingapura formaram uma federação, para a qual adotou-se o nome Malaysia, forjado de Malay(an) + (A)sia, donde o adj.s. ing. Malaysian, doc. a partir de então (cp. fr. Malaisie, esp. Malasia e port. Malásia); no port., ocorre, a par de Malásia, o neol. Maláisia, e, respectivamente, os gentílicos malaio, malásio (para Malásia stricto sensu) e maláisio; f.hist. 1516 malaio 'relativo a Malásia', 1538 malaya acp. de ling 'diz-se de ou ramo' (Do jav. maláyu, «id.»).»
Biscaio
(De Biscaia, top.)
Biscainho
«etim. esp. vizcaíno 'de Biscaia, País Basco'; f. hist. sXIV vizcayno, sXIV bisqueyno, a1437 bizcaynhos.»
Uruguaio
«top. Uruguai + -o; o top. Uruguai é de orig. guarn. e de signf. impreciso ('rio dos caracóis' e 'água profunda' são os signf. mais aceitos); o nome designou inicialmente o rio e, em seguida, a região e o país; em geógrafos e cartógrafos do sXVI aparecem as grafias Uray, Uruay, Huruay, Oroy; a f. Uraguay é registrada em 1700 pelo geógrafo francês Guillaume Delisle (1675-1726) e, em 1769, pelo poeta brasileiro José Basílio da Gama (c.1741-1795); o esp. Uruguay é adoptado internacionalmente, excepto no port. mod., no qual o voc. se grafa Uruguai. (De Uruguai, top.).»
Paraguaio
«top. Paraguai + -o (Do cast. paraguayo, «id.»)
Búlgaro
«do lat. bulgàres,um ou bulgàri,órum 'búlgaros, povo da Mésia inferior', der. do top. Bolgar, antiga capital dos búlgaros no médio Volga, ou do tur. bulghamak 'misturar' ou bulga-mak 'revolver', pelo fato de os soldados fineses que conquistaram a Mésia (sVII) haverem-se mesclado com os eslavos locais; em fr., it., esp., port., al., ing., o top. Bulgária, doc. nessas línguas c. sXV, tem suf. de base lat. frequente em nomes de países, conexo com –ia; no port. ocorre a f.divg. bugre, emprt. ao fr. bougre (1172) 'herético', do lat.medv. bulgàrus (sVI) 'búlgaro' e, p.ext. pej. 'herético', pois os búlgaros, como membros da Igreja greco-ortodoxa, foram considerados heréticos, adversários temíveis dos cruzados, esp. quando da 4.ª cruzada; f.hist. sXIV bulgaro, sXIV bulgoto, sXIV bulgato (Do lat. bulgàru-, «id.»).»
Húngaro
«orig.duv.; segundo JM, do lat. tar. da Germânia (h)ungaru-; segundo A. G. Cunha, do lat. medv. hungarus, der. do germ. Ungar; f. hist. 1512 ungro, sXVI Vngaro [sic] (Do lat. tard. hungàru-, «id.»).»
Polaco
(Do al. Polacke, «polaco»)
Checo
(Do fr. tchèque, «id.»)
Finalizando, basta-nos referir que os sufixos mais usados na formação de gentílicos, conforme indicado no Portal da Língua Portuguesa, são: -ês (português), -ense (macaense) e -ano (americano).
Sempre ao seu dispor.
Referências:
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado