Não há ainda uma etimologia exata do topónimo em questão.
A hipótese que ainda hoje se aceita é a de Leite de Vasconcelos1, que é a referida na questão: Fão virá do latim fanum, i, que significava «templo» e, mais tarde,«templo pagão» (por oposição a templum, que podia associar-se ao cristianismo). Esta etimologia ganha alguma força quando se considera a toponímia da Galiza e das Astúrias, regiões onde se atestam topónimos como Fan (paróquia de Orro, concelho de Culleredo, na província galega da Corunha) e Fano (na região asturiana de Gijón). Se no caso galego não dispomos de informação que confirme a relação com o latim fanum, a verdade é que ao topónimo asturiano se atribui origem no referido vocábulo latino2.
Há, no entanto, quem sugira3 que Fão não vem do latim fanum, mas, sim, de fanha ou fanga (este homónimo do arabismo fanga, «medida de capacidade, mercado»)4, formas que não conseguimos aqui identificar em dicionários de regionalismos. No entanto, o facto de na toponímia de outras regiões do noroeste da península permanecerem topónimos relacionáveis com fanum leva a crer que Fão é com boa probabilidade o seu cognato português.
Sobre a forma fano, que significa «pequeno templo antigo» e é adaptação direta do latim fanum, por via erudita, que se atesta desde o século XVII5, será forma divergente de Fão, se este topónimo for realmente o resultado por via popular do referido vocábulo latino.
1 Cf. José Leite de Vasconcelos, "Ensaios de onomatologia portuguesa", Revista Lusitana, vol. 1, 1887-1889, p. 240.
2 Cf. Xosé Lluis García Arias, Toponimia Asturiana, 2005, p. 756.
3 Cf. José Cunha-Oliveira, "Fanha, Fanhais, Fanheiro e Fanhões", Toponímia Galego-portuguesa e Brasileira, 29/06/2008.
4 Ver fanga no Dicionário Houaiss.
5 Ver fano , ibidem.