A frase «Eu gosto de chocolate» não permite ser convertida para a voz passiva.
Para que uma frase possa assumir a voz passiva, tem de conter «um verbo construído com objecto directo» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2202, p. 149), o que permite fazer as seguintes transformações: a) o objecto/complemento directo passa a ser sujeito da passiva; b) o verbo passa à forma passiva (formada com os templos simples do verbo auxiliar ser e o particípio do verbo que se quer conjugar) no mesmo tempo e no mesmo modo; c) o sujeito converte-se em agente da passiva.
Ora, o verbo gostar não é um verbo transitivo, isto é, não tem/pede complemento directo ou, dito de forma mais rigorosa, não é um verbo «que selecciona um argumento interno directo com a relação gramatical de objecto directo» (Mira Mateus et alli, Gramática da Língua Portuguesa, 6.ª ed., Lisboa, Caminho, 2003, p. 297). Aliás, é um dos verbos «que não podem ocorrer em passivas sintácticas» (idem, p. 529), pois gostar «assume uma forma preposicional» (idem), razão pela qual se encontra incluído nas «restrições sobre verbos que podem ocorrer em passivas sintácticas» (idem).
De facto, o verbo gostar implica o uso da preposição de (regência), seleccionando um complemento preposicional, e não um complemento directo. Portanto, «chocolate» não é complemento/objecto directo, mas um complemento preposicional. Assim sendo, sem a presença de complemento directo da voz activa, não há possibilidade de se construir a voz passiva, porque falta a figura do sujeito.
O mesmo não se passa com outras frases cujo sentido é praticamente o mesmo, mas os verbos são transitivos. Vejamos os seguintes casos:
«Eu adoro chocolate» (voz activa) → «Chocolate é adorado por mim» (voz passiva)