Se nos regermos pelo estipulado pelos gramáticos, a forma correcta em tais casos é, precisamente, o uso do pronome pessoal o, pois «quando o pronome oblíquo da 3.ª pessoa, que funciona como objecto directo, vem antes do verbo, apresenta-se sempre com as formas o, a, os, as» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 17.ª ed., Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 279), tal como se pode observar através dos seguintes exemplos:
«Não o ver para mim é um suplício.»
«Nunca a encontraram em casa.»
Por sua vez, os pronomes o, a, os, as assumem as formas no, nas, nos, nas, quando colocados depois de «forma verbal terminada em -m, -ão ou -õe, ou seja, em nasal» (Maria Regina Rocha, Maria João Matos e Sandra Duarte Tavares, Assim É Que É Falar!, Lisboa, Planeta, 2010, p. 112), o que se verifica em estruturas como: «Trouxeram-nas», «Dão-no», «Põe-na».
No entanto, e contrariando a norma, apercebemo-nos de que o uso das formas no, nas, nos, nas, «depois dos advérbios não e bem, tem ocorrido na linguagem popular e na literária popularizante, de Portugal, assim como [depois] dos pronomes quem, alguém, ninguém e outras palavras terminadas em ditongo nasal» (Cunha e Cintra, op. cit., p. 280), de que são exemplos os versos que se seguem:
E assim pedia, num dó tamanho,
Não no tirassem lá donde estava.
António Nobre, Só
Neto sou de quem no sou!
José Régio, Fado
Conclui-se, então, que se deve utilizar o pronome pessoal o (enquanto objecto directo), sempre que ocorrer antes da forma verbal, embora possam ocorrer alguns casos de uso da forma no, nas condições já descritas.