Com a forma de tratamento os senhores, usam-se as formas de complemento directo ou indirecto na terceira pessoa, como se pode verificar em construções da linguagem corrente:
«Os senhores pretendem que os sirva de imediato?»
«Os senhores preferem que lhes sirva uma bebida?»
Com a forma vocês também se usa uma construção semelhante, mas é comum em Portugal a construção com vos (“Vocês querem que vos sirva o café?”), denotando esta uma maior proximidade com o interlocutor.
Também com os possessivos da segunda pessoa do plural (vosso, vossa, vossos, vossas) é comum não se fazer o alinhamento sintáctico/sintático, usando-os com vocês, formalmente uma terceira pessoa. Mas, porque na prática designa uma segunda pessoa, substituindo o pronome vós, que caiu em desuso, ela atraiu para si as formas pronominais da segunda pessoa do plural.
O lógico seria o alinhamento sintáctico dos pronomes com a forma verbal da respectiva pessoa. É assim que se faz no Brasil. É assim, também, que o Ciberdúvidas aconselha.
No entanto, na prática tal não acontece, nem a nível da oralidade nem da escrita. Podemos comprová-lo na própria literatura, como se observa nos excertos seguintes, de autores contemporâneos:
«Descuidaram assim a vossa função... a vossa missão?!!!» (Maria Alberta Menéres, À Beira do Lago dos Encantos);
«Tudo por vossa causa! Querem saber tudo! Andam sempre sôfregas por novidades!...» (Romeu Correia, O Tritão);
A questão das formas de tratamento não está ainda muito estudada em Portugal. No entanto, parece-me não se poder ignorar o peso de um uso bastante antigo e enraizado nos diversos níveis de realização linguística.