O Dicionário Houaiss explica com algum pormenor a origem de nada, pronome indefinido, advérbio e substantivo masculino:
«[do] lat[im] tar[dio] res nata, "coisa nascida", diferente do lat[im] cl[ássico] "segundo a circunstância", alt[eração] promovida, segundo Corominas, prov[ovavelmente], pelo uso constante da locução, que, sob a influência de homines nati, empregada em frases negativas, tomou o valor pronominal e indefinido que é próprio de nada.»
Quanto ao método histórico-comparativo de Diez, trata-se do método comparativo tal como ele foi aplicado ao estudo diacrónico das línguas românicas (português, espanhol, francês, italiano, romeno, etc.). Neste contexto, é possível representar as mudanças verificadas entre o étimo latino e a palavra portuguesa do seguinte modo:
(1) (res) nata- > nada
Em (1), considera-se como ponto de partida a forma da expressão original latina no caso acusativo (o chamado caso etimológico). Entre este étimo e a forma nada, verificou-se a alteração da consoante dental surda intervocálica [t], que, por um processo de sonorização (também chamada lenição), passou a [d], consoante dental sonora. Este fenómeno de sonorização afectou as consoantes surdas entre vogais ou entre vogal e líquida (sons [r] e [l]) no processo de transição do latim vulgar aos dialectos romances das antigas Hispânia e Gália.