Gostei muito de ler os seus comentários, cara consulente: oportunos e válidos.
Respondendo à sua dúvida, dir-lhe-ei que a palavra teia tem duas sílabas: tei-a.
As suas dúvidas ao consultar o Ciberdúvidas talvez tenham ocorrido porque nós respondemos segundo a Gramática Portuguesa e também, quando os consulentes são brasileiros ou pretendem resposta nessa variante do Português, segundo o que dizem os gramáticos brasileiros.
Mas, vamos às dúvidas que apresenta. Em Portugal, as palavras que refere fazem a seguinte divisão silábica: ri-o, his-tó-ri-a, tei-a, chei-a, mei-a, ai-a, i-a.
Na translineação, como não se deve deixar uma vogal sozinha no início ou no final de linha, a única dessas palavras que pode ser translineada é história (his-tó-ria).
Quanto ao conceito de sílaba, tradicionalmente, considerava-se como podendo constituir sílaba: uma vogal, um ditongo (decrescente), uma vogal precedida e/ou seguida de consoante ou grupo consonântico, um ditongo precedido de consoante ou grupo consonântico e/ou seguido de consoante.
Quanto aos ditongos, eles são constituídos por uma vogal e uma semivogal (i ou u). A semivogal é uma vogal doce que faz parte de um ditongo; é uma vogal tão pouco pronunciada que se situa entre o som de uma vogal e o de uma consoante. As semivogais são, pois, o i e o u quando fazem parte de um ditongo. Os ditongos podem ser decrescentes ou crescentes, consoante essa semivogal se situa no final ou no início do ditongo. Um ditongo é um encontro de duas vogais que se pronunciam numa só emissão de voz. São ditongos decrescentes orais os seguintes: ai, au, ei, eu, iu, oi, ou, ui. Por vezes, alguns encontros de duas vogais em que o i ou o u estão no início (ex.: ia, ie, io, ua, uo) são pronunciados de tal modo que esse i e esse u deixam de ser vogais plenas e passam a semivogais, criando ditongos crescentes: crescentes porque o som “cresce” desde o som mais fraco da semivogal que inicia o encontro vocálico ao som mais forte da vogal plena que se segue. Isso acontece em palavras como glória, história, água.
Dada a instabilidade dos ditongos crescentes (esses encontros vocálicos podem ser, ou não, pronunciados como ditongos), a gramática portuguesa não os considera como tais na divisão silábica formal, escrita.
No Brasil, os gramáticos consideram que os ditongos crescentes também constituem sílaba gráfica, fazendo, pois, na palavra história a divisão em três sílabas (his-tó-ria). Já a palavra rio, quer no Brasil quer em Portugal, é considerada como tendo duas sílabas, pois tanto o i como o o (de som “u”) são pronunciados como vogais plenas.