O enunciado exprime uma relação simultaneamente temporal e condicional entre duas situações, mas essa acumulação de valores não se deve à conjunção quando.
Quando é a conjunção que introduz uma oração subordinada temporal e tem a mesma função que qualquer outra conjunção temporal, que é a adverbial de localização temporal, dado que fornece as coordenadas temporais que permitem situar no tempo a a{#c|}ção expressa na oração principal:
«O gato assustou-se quando o telhado caiu.»
«O telhado caiu mal entrámos na sala.»
«O telhado caiu enquanto fazíamos o jantar.»
O que estas frases têm em comum é reportarem eventos pretéritos.
No enunciado que apresenta para análise, ambas as situações estão expressas no presente. Ora, o presente é multifuncional e só em contextos específicos exprime as acções a decorrer no momento da elocução. Neste enunciado, o presente oferece uma leitura genérica, caracterizadora. Tanto assim é, que é possível acoplar-lhe um adverbial de frequência/habitualidade:
«Habitualmente/usualmente/regra geral/normalmente/de modo geral, acredita-se em fumaça quando se vê fogo» ou «Sempre que se vê fogo, acredita-se em fumaça».
No entanto, o valor temporal da conjunção mantém-se e pode ser parafraseável nestes termos:
Há (houve e haverá) um número infinito de vezes, num intervalo de tempo não delimitável, em que a transição de «não acreditar» para «acreditar» ocorre no momento X, sendo X = «quando vê fogo».
Então como é que aparece o valor condicional no enunciado? Por acção do advérbio só: é ele que estabelece a relação de dependência/exclusividade entre «ver fogo» e «acreditar», o que induz na interpretação do primeiro evento como condição do segundo.