Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Concordância
José Saraiva Leão Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 402

Como se deve dizer?

«O envolvimento das pessoas na política torna-as cidadãs»?

Ou «O envolvimento das pessoas na política torna-as cidadãos»?

Muito obrigado!

Pedro Machado Desempregado Braga, Portugal 655

1) O número de mortes subiu para quarenta e dois.

2) O número de mortes subiu para quarenta e duas.

Qual das frases anteriores está gramaticalmente correta? Porquê?

Agradeço antecipadamente o auxílio.

Rafaela Mello Escritora Lisboa, Portugal 580

Qual das opções abaixo está gramaticalmente correta? Observando-se a conjugação dos verbos olhar e estancar:

1. «Até quando cultivaríamos as chagas do passado, mantendo-as abertas e sangrentas? Apontando dedos e ferindo outros feridos, em vez de pararmos por um instante para nos olharmos e estancarmos as nossas próprias chagas.»

Ou

2. «Até quando cultivaríamos as chagas do passado, mantendo-as abertas e sangrentas? Apontando dedos e ferindo outros feridos, em vez de pararmos por um instante para nos olhar e estancar as nossas próprias chagas.»

Há alguma regra pela qual me possa guiar para este tipo de dúvida?

Muito obrigada.

Julian Alves Estudante Roma, Itália 680

Eu gostaria de saber com qual pessoa gramatical o verbo que segue os sujeitos ligados pela conjunção ou deve concordar.

Exemplo:«Ou tu ou eu pago/pagas a conta»

No exemplo, a ação verbal só pode ser exercida por uma das pessoas.

Napoleão Mendes de Almeida diz que, quando os sujeitos são de números diferentes, o verbo vai para o plural; só que, nos exemplos que ele deu para esta regra, ambos os sujeitos são de terceira pessoa.

Obrigado antecipadamente.

Paulo Klush Puim Servidor São Paulo, Brasil 852

Consultando algumas referências sobre infinitivo e verbos causativos/sensitivos, percebo que os exemplos quase sempre envolvem o infinitivo como objeto direto.

Entretanto, deparei-me com o caso do infinitivo como objeto indireto, relativamente comum quando se utiliza o verbo proibir (que suponho ser também um verbo causativo). Deixo um exemplo sobre a questão:

«Ele proibiu os alunos de fazerem algazarra» X «Ele proibiu os alunos de fazer algazarra.»

Fazendo uma pesquisa em textos, me parece ser mais comum a flexão nesses casos. No entanto, gostaria de perguntar qual dos dois seria preferível segundo a norma culta. Se puder aproveitar a oportunidade, gostaria ainda de pedir uma orientação quanto à forma mais correta de lidar com uma variante da questão, isto é, quando substantivo for substituído pelo pronome:

«Ele proibiu-os de fazerem algazarra» X «Ele proibiu-os de fazer algazarra.»

Agradeço desde já e parabenizo o sítio pela excelência.

Inês Cunha Coimbra, Portugal 2K

Habitualmente vê-se a redação «Entrada em vigor e produção de efeitos», sobretudo, em legislação. Contudo, já li que algo produz/produziu efeito numa determinada data, ou seja, a palavra efeito e não efeitos (no singular e não no plural).

Deste modo, gostaria de perceber qual a forma correta (ou, até, se ambas estão corretas).

Obrigada.

Rafael Martins Curitiba, Brasil 886

Notabiliza-se, dia após dia – especialmente, na esfera universitária de grande visibilidade –, a ascensão daquilo a que chamam "linguagem neutra": vê-se, ora hebdomadariamente, ora cotidianamente, publicações de universidades fazendo uso da linguagem dita neutra, sem mencionar as entidades políticas que, também, o fazem.

A meu humilde ver, o ver de alguém que prepara bebidas e que ama sua língua pátria; essa implementação – quase discricionária – que me tem sido apresentada, não só através da tela da televisão e do telefone celular; mas, também, através dos clientes que se sentam ao outro lado do balcão; possui – também – a aparência de uma medida que não traz, em seu imo, o intuito de ser uma linguagem não excludente, visto que seu uso se tem espalhado às custas de apelos morais de seus entusiastas: apelos estes que compungem aqueles que não aquiescem a seu uso.

Indago, portanto, aos senhores: a implementação da linguagem neutra é, realmente, necessária?

É o caminho natural– per viam naturalem – que se seguirá rumo à evolução de nossa língua? Ou é reflexo da deterioração do uso de nosso idioma, que passou por séculos de evolução até chegar à sua fisionomia atual em que a neutralidade se faz presente — ao menos no que concerne aos pronomes, e ao que meu saber me limita — na forma masculina.

Agradeço, de antemão aos senhores deste sítio pelo posicionamento seriíssimo com que têm atuado ante as mais diversas questões que lhes tem sido apresentadas.

Emília Maria Alves Farinha Professora Torre da Marinha, Portugal 3K

Como se diz?

«Senhores e senhoras»

ou

«Senhores»?

José Luiz Ferreira Reformado Lisboa, Portugal 966

Bem haja o Ciberdúvidas, e bem hajam os seus colaboradores pelo importante veículo que são em prol do correto uso da nossa língua.

Muito agradeço o vosso esclarecimento sobre o seguinte:

Atentas as expressões, frequentes:

A. «Se não queres que ninguém saiba, não o faças nem o digas.»

B. «Se queres que ninguém saiba, não o faças nem o digas.»

Que as duas expressões são convergentes, acho que sim, que são. Mas serão ambas corretas ou só uma em prejuízo da outra? E no último caso, qual delas?

A resposta poderá ser a sacramental (que penso ser a A.), mas a dúvida subsiste.

Agradeço o vosso douto comentário.

Hiyashi Osamu Estudante São Paulo, Brasil 1K

Tenho uma questão quanto à qual a gramática tradicional é um tanto quanto esquiva, então gostaria de seus pareceres.

Se trata de campo semântico de adjetivos em sintagmas nominais com mais de um substantivo.

Considerando-se que a GT [gramática tradicional] diz que um único adjetivo caracteriza mais de um substantivo (pelo menos enquanto o sentido do adjetivo os cobrir) e que isso ocorre conforme a disposição de termos no sintagma — inclusive em todos os casos de concordância atrativa — (o que é minha maior dúvida se de fato o é), me interesso em saber como contornar interpretações equívocas nestes casos, mormente casos em que a concordância atrativa é obrigatória, por ex., quando adjetivo(s) anteposto(s) (funcionando de adjunto adnominal) aos nomes:

«Comprei manuais e gramáticas velhos/velhas.»

(penso que caracterize ambos independentemente da ausência de determinantes e da concordância estabelecida, tanto é que se objetivasse a caracterização de somente um nome contornaria assim:

«Comprei manuais velhos e gramáticas.» / «Comprei gramáticas velhas e manuais.»

Nestes casos, a concordância se faz obrigatoriamente com o mais próximo, pois logicamente só há o mais próximo para concordar. Por conseguinte, quanto a isso também gostaria de saber que acham.)

«Comprei velhos manuais e gramáticas.»

(nota-se que o sentido do enunciado, provocado pelo deslocamento do adjetivo, mudou.

Aqui começa a complicar em meu entender, pois o adjetivo pode, conforme sua carga semântica, caracterizar ambos. E fico em dúvida se efetivamente ocorre, a ausência de determinantes teria alguma implicação diferente na interpretação? Suponho que não...

«Comprei os manuais e as velhas gramáticas.»

(Por mais que a concordância seja atrativa, não por intuição possibilidade de caracterização semântica de ambos.)

Para não ir à exaustão com exemplos, para com casos de adjuntos adnominais, paro por aqui.

Ao predicativo do objeto agora:

Minha questão com este é mais sobre como contornar a interpretação de que ambos os substantivos são modificados. Para tal recorrendo a pontuação, penso conseguir fazê-lo. No entanto, como estou estudando pontuação ainda (sou um exímio "pontuador"); não sei se satisfaço plenamente a questão, portanto a vocês recorro.

«Comprei velhas as gramáticas; e os manuais» (não necessariamente velhos).

(E as gramáticas enquanto velhas, não necessariamente estão velhas no momento da enunciação.)

Aguardo suas reflexões ansiosamente. Obrigado pela atenção.