Bugar é um verbo neológico que ganha força junto dos jovens. Além do seu significado associado às tecnologias, a criatividade fez com que fosse também aplicado a outros contextos. A consultora Sara Mourato traz respostas acerca deste assunto.
Licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e mestre em Língua e Cultura Portuguesa – PLE/PL2 pela mesma instituição. Com pós-graduação em Edição de Texto pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, trabalha na área da revisão de texto. Exerce ainda funções como leitora no ISCTE e como revisora e editora do Ciberdúvidas.
Bugar é um verbo neológico que ganha força junto dos jovens. Além do seu significado associado às tecnologias, a criatividade fez com que fosse também aplicado a outros contextos. A consultora Sara Mourato traz respostas acerca deste assunto.
A pluralização de «as Marias, os Miguéis, os Antónios» é possível, em português, mas quanto a topónimos – «as Lisboas, os Portos, as Angras do Heroísmo» – será também possível? E qual a intenção subjacente a esta pluralização dos topónimos? A estas perguntas pretende dar resposta a consultora Sara Mourato, neste texto em que analisa a intenção de pluralização do nome de cidades num discurso do presidente da República português.
A consultora do Ciberdúvidas Sara Mourato escreve neste texto sobre a origem e as diferentes denominações e grafias do instrumento musical em Portugal conhecido como acordeão.
O que é mais correto?
a) «[...] — sussurra ao gato que, enroscado a seu lado, a olha de soslaio»;
b) ou «[...] — sussurra ao gato que, enroscado ao seu lado, a olha de soslaio.»
Ou ambas estão bem?
Grata pela ajuda.
Pode afirmar-se que ambas estão corretas.
De facto, o mais corrente, em português de Portugal, é o pronome possessivo ser acompanhado de artigo, daí ser aceitável:
(1) «[...] – sussurra ao gato que, enroscado ao seu lado, a olha de soslaio.»
Contudo, em determinadas expressões fixas, como é o caso de «a seu lado» (também «em meu nome», «em minha casa», «a meu favor»), pode dar-se a omissão do artigo:
(2) «[...] – sussurra ao gato que, enroscado a seu lado, a olha de soslaio».
O artigo definido é ainda omitido quando o pronome possessivo: faz parte de formas de tratamento (ex.: «Vossa Excelência») e do vocativo (ex.: «João, meu amor»), e quando é precedido de pronome demonstrativo (ex.: «mostre-me essa sua proposta»).
Em português do Brasil, a omissão do artigo definido antes dos pronomes possessivos é mais corrente.
«Um pai que ajudou demais um filho e agora ajuda "demenos"». Nesta frase as palavras "demais" e "demenos" estão corretas?
Comecemos por referir que não se encontra atestado o advérbio "demenos", que, na frase em apreço, significaria «em quantidade menor que a esperada». Em sua substituição, o correto será termos a locução «de menos»:
(1) «Um pai que ajudou demais um filho e agora ajuda de menos.»
Relativamente ao uso do advérbio demais, de uso correto, cabe referir que, em (1), exprime a intensidade com que o pai ajudou o filho, i.e., ajudou muitíssimo, excessivamente, em demasia. Intensifica, assim, a forma verbal ajudou.
O uso da locução de mais, que talvez possa causar alguma dúvida, aqui não estaria correto. De facto, demais1 e de mais distinguem-se por:
(i) demais, se empregar nas situações em que se empregaria um advérbio, i.e. uma palavra invariável.
Exemplo: «a jarra é pequena demais» – o advérbio modifica o adjetivo pequena.
(ii) de mais, se empregar nas situações em que se empregaria um quantificador, i. e. uma palavra variável que quantifica um substantivo.
Exemplo: «nesta estante, há livros de mais» – a locução quantifica o nome livros.
1 Demais tem outros usos aqui não contemplados. Ver esta resposta.
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