Pergunta:
Há uma propaganda aqui no Brasil de uma cervejaria muito famosa que diz que a cerveja tem bebabilidade. Gostaria que vocês tecessem comentários morfossemânticos sobre tal palavra, pois não a achei no dicionário, mas a achei inusitada.
Obrigado!
Resposta:
Para que possamos compreender melhor o contexto em que a expressão citada pelo caro consulente surge, passo a transcrever a referida frase publicitária em toda a sua extensão: «Chegou Skol 360º — Não estufa e não empapuça. A cerveja com bebabilidade.»
Ora, estufar e empapuçar estabelecem, neste caso, entre si, uma relação de sinonímia, podendo ambos os termos significar «tornar(-se) cheio, volumoso, encher(-se), especialmente de ar; inchar(-se)»; «fazer inchar ou inchar; opar(-se)» (Dicionário Houaiss).
No fundo, a marca em causa procura resolver, por assim dizer, um dos incómodos efeitos mais característicos da ingestão de cerveja — a sensação de inchaço, enfartamento —, e que tem justamente que ver com a consequência da fermentação dos cereais, a partir da qual é produzida, como se sabe, a cerveja. Pretende-se, então, «possibilitar que o consumidor não se sinta estufado, ‘encharcado’ nem empapuçado ao tomar o líquido dourado».
Assim, é a própria marca que justifica a criação e o conteúdo desta campanha publicitária: «A nova cerveja foi desenvolvida após três anos de pesquisas e traz para o consumidor um novo líquido elaborado com fórmula que atende a um apelo antigo de parcela do público cervejeiro: um líquido que não estufa, com bebabilidade.» Esta fórmula, ainda segundo a empresa responsável pela marca em causa, sustenta-se no «inovador processo de fermentação [a que cham...