Segundo, por exemplo, o Dicionário Houaiss, «a) na atual norma portuguesa da língua, este verbo, quando na acepção de "ter necessidade de", pede objeto indireto, exceto quando a ele se segue outro verbo no infinitivo, especialmente no Brasil (precisava sair, precisou explicar-se); b) a preposição de é frequentemente omitida antes de complemento oracional: precisava (de) que lhe fornecessem comida».
Por outro lado, Maria Helena Mira Mateus e outros, na Gramática da Língua Portuguesa, 2003, p. 248, apresentam o seguinte exemplo: «Preciso de comer/necessito (de) comer», dando-se a entender, portanto, que, no português europeu, até mesmo quando ao referido verbo se segue um outro no infinitivo, a preposição de deverá ser usada, ao contrário do que acontece com o verbo necessitar, a seguir ao qual a preposição parece ser opcional.
Confirmando esta linha de raciocínio, agora em análise de contextos orais, a mesma investigadora («Estudando a melodia da fala: traços prosódicos e constituintes prosódicos», Encontro sobre o Ensino das Línguas e a Linguística, APL e ESE de Setúbal, 27 e 28 de Setembro de 2004, p. 21) sugere o seguinte exemplo: «O tapete encarnado do meu escritório precisa de ser aspirado com cuidado», confirmando que, mesmo em situações de cariz mais informal, o verbo precisar deverá ser seguido pela preposição de.
Sendo assim, sustentado no exposto, e à semelhança do que acontece, por exemplo, com o verbo gostar (ex.: «OK Tu gostas de tudo» = «OK Tenho tudo de/do que tu gostas»/«*Tenho tudo o que tu gostas»), as opções «tenho tudo de que precisas» ou «tenho tudo do que precisas» afiguram-se-me como as mais adequadas, tendo em conta os contextos regenciais do verbo precisar.