Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

As gramáticas explicam porque ocorre a próclise numa frase como "Só o Pedro te viu no cinema". No entanto, não consigo encontrar explicação para a próclise na frase "O Pedro só te viu no cinema".

Resposta:

A explicação é a mesma para as duas situações. O pronome pessoal “te” aparece em posição proclítica por se ter utilizado o advérbio “só” antes da forma verbal. Se o colocasse depois da forma verbal, já o pronome deveria surgir em posição enclítica: “O Pedro viu-te só (=apenas) no cinema.”

Pergunta:

Gostaria de saber qual é o antónimo do advérbio "ainda". Sou aluna de português na Venezuela.
Obrigada.

Resposta:

A antonímia é uma relação de oposição ou de contraste entre duas palavras ou dois termos, que se verifica com grande regularidade nos adjectivos e com menor regularidade nos substantivos e verbos. Nos advérbios (à excepção dos de modo), não é usual estabelecer-se essa relação semântica.
Há dicionários que indicam como antónimo de ainda “já” e “já não”, dependendo da acepção e do contexto. Se a consulente pretender que a informemos sobre a forma de construir uma frase por meio da qual pretenda dizer o contrário de outra em que esteja utilizado esse advérbio, poderá enviar-nos a frase em causa, que tentaremos esclarecê-la.

Pergunta:

Gostaria de saber se está correta a expressão "piscina adulta". Afirmei aos meus colegas que a forma correta é "piscina para adultos", assim como não existe a expressão "piscina infantil", mas sim "piscina para crianças". Porém, um de nossos mais respeitáveis dicionários define o adjetivo adulto como próprio de pessoa adulta, o que, me parece, abona a expressão em dúvida. Errada ou certa, ela me causa enorme estranheza. Que acham os senhores?

Resposta:

Como muito bem afirmou, a expressão correcta é “piscina para adultos”, indicando a quem se destina a piscina. O adjectivo adulto está definido como “próprio de pessoa adulta”, o que é lógico, podendo classificar o próprio indivíduo ou uma característica ou um elemento que é inerente às pessoas: a idade, as ideias, o comportamento, etc. Uma piscina não é um ser vivo, que possa ser classificado de infantil ou adulto.
Essa expressão só seria aceitável num texto ficcional, em que a “piscina” estivesse personificada.

Pergunta:

Estive a consultar várias gramáticas e métodos actuais para o ensino do português e já não aparecem as formas verbais da 2.ª pessoa do plural (vós).
Sou professor e näo sei o que dizer aos alunos uma vez que eu também não as tinha estudado nunca.
Tenho de empregar esta forma de tratamento?
Muito obrigado.

Resposta:

Em obras destinadas à aprendizagem do Português, língua estrangeira, efectivamente, os autores muitas vezes não referem as formas verbais e pronominais da 2.ª pessoa do plural, creio que por razões que se prendem com o predomínio dado, nesse contexto, ao coloquial, informal ou mesmo familiar. Não considero que sejam “métodos actuais para o ensino do português”, mas, sim, opções dos respectivos autores.
Essas formas verbais e pronominais existem e são usadas. Tudo depende do contexto e intervenientes.

Pergunta:

Tenho uma dúvida sobre a designação correcta que se deve atribuir a uma "casa artificial" para as formigas. Passo a explicar: se eu construir uma réplica de um formigueiro em gesso, que tente recriar as câmaras e túneis de um formigueiro, essa "coisa" poderá designar-se por formigário (a exemplo de terrário/aquário onde se recria uma parte ínfima de ecossistema) ou deve-se continuar a designar por formigueiro/formigueiro artificial?
Grato pela atenção.

Resposta:

A sua “casa artificial para formigas”, caro consulente, é, efectivamente um formigueiro. Artificial, mas formigueiro. O termo formigueiro designa não só uma grande quantidade de formigas como o buraco ou toca em que elas habitam, com as suas câmaras e túneis.
Não encontrei qualquer registo do outro termo que propõe, “formigário”.