À venda + feira livre + uso do conjuntivo
«Estou vendendo meus versos./
Não sei ao certo quanto valem, alguns estão bem cotados,/ Outros – coitados – tão desaprumados!/
Mas você já viu alguma mãe achar feio, mesmo um filho mal gestado?/
Para ela todos são lindos, até os desajeitados./
Estou vendendo meus versos.
São versos de todas as cores e alguns,
nem cor definida têm (2):/
acho que são incolores./
São versos de muitos sabores: sabor de amor, de tesão, de melancolia, de saudade, de nostalgia, de dúvida,
de transcendência, /
de antagonismo, de inquietação, mas em todos eles há um quê de "comunhão "/.
Sim, todos eles têm sabor de comunhão/
misturados com algumas certezas e outras tantas incertezas./
São versos briguentos com as rimas, alguns impetuosos, soberbos,/
outros com jeitão de pobreza, que vendo a preço de banana na feira-livre(3) da vida,/
na minha tenda de cigana.
Quem dá mais?/
Vamos lá, meu camarada!/
Não pechinches nem me venhas com esparrela/
Afinal, quem sabe se, com estes versos, tu não conquistas o amor/
de uma alma gentil e bela?
Vendo porque não posso retê-los e se não vender, farei doação./
É que preciso esvaziar-me de meus versos, preciso deixar leve/
a minha mente e livre o meu coração./
Queres ficar com eles?/
Se não pode, não ligues, não... mas aceita outra sugestão:/
aceita o meu coração.
Ama-me e deixa-me(4) prenhe de novas rimas./
... E, se teu amor for bom, nossos filhos serão
Obras Primas/» (5)
(de Fátima Irene Pinto)
(1) O «a venda» deve ter crase ou não?
(2) O "têm" concorda com "versos" ou seria tem concordando com "cor"?
(3) «Feira-livre» tem hífen?
(4) Seria «deixa-me prenha» ou "deixe-me prenha"?
(5) «Obras Primas» deve ser grafado com hífen?
