Márcio Undolo - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Márcio Undolo
Márcio Undolo
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É doutor em Linguística pela Universidade de Évora (Portugal), mestre em Terminologia e Gestão de Informação de Especialidade pela Universidade Nova de Lisboa (Portugal). Além de Editor--Chefe, é Revisor e Consultor Linguístico, Formador, Investigador colaborador da Cátedra da Universidade Católica de Angola. É autor de livros, capítulos, artigos e outras produções científicas. Orienta pesquisas na graduação e pós-graduação.

 
Textos publicados pelo autor
Português de Angola
Fonologia, Sintaxe e Lexicografia
Por Márcio Undolo, Alexandre António Timbane, Gaudêncio Kimuenhe

No plano da chamada lusofonia e do português como denominador comum linguístico, Angola tem-se distinguido em duas vertentes, pelo menos: na política, porque tem oferecido bastante resistência, explícita ou tácita, a medidas de coordenação linguística entre os países de língua portuguesa; e, no plano demográfico, apresenta números significativos quanto à propagação e ao enraizamento do português como idioma materno. Neste contexto, a obra Português de Angola: Fonologia, Sintaxe e lexicografia, uma edição eletrónica feita através da Home Editora, parece como um trabalho que revela a personalidade do português de Angola (PA), sem negar a unidade fundamental do idioma.

Como se lê na apresentação, trata-se de um conjunto de estudos resultantes das atividades de investigação do Projeto VAPA (Variedade do Português de Angola), o qual foi criado em 2015 na Escola Superior Pedagógica de Bengo em Angola. Para os coordenadores da obra, Márcio Undolo, Alexandre Timbane e Guadêncio Kimuenho

A Norma do Português em Angola
Subsídios para o seu Estudo
Por Márcio Undolo

Um livro publicado em 2016, que resulta da adaptação de uma tese de doutoramento defendida em 2015 na Universidade de Évora. O autor é professor da Escola Superior Pedagógica do Bengo (Caxito, Bengo, Angola). 

No prefácio, a orientadora do trabalho, Ana Paula Banza, docente na referida universidade, considera o trabalho como um contributo para a reflexão sobre as áreas da gramática em que «[...] é (mais) visível a originalidade da variedade angolana, com o objetivo de verificar a hipótese de que se possa já falar de uma norma específica de Angola (PA), a par da norma do Português europeu (PE) e da do Português do Brasil (PB)».

A obra compreende uma introdução e sete capítulos, cujos títulos revelam sem hesitação os respetivos conteúdos, sempre à volta do contexto histórico e da fundamentação empírica que valida a tese de já existir uma norma da língua portuguesa: "1. Condicionamento sócio-histórico" (pp. 19-29), "2. Panorama linguístico" (pp. 31-60), "3. Revisão bibliográfica (pp. 61-67), "4. Mudança e variação linguística" (pp. 69-100), "5. Metodologia de Trabalho", "6. Resultados da investigação" (pp. 101-201)  e "7. A língua portuguesa em Angola. Perspetivas de futuro" (pp. 203-206).

São de destacar as conclusões do 6.º capítulo, onde se identificam os padrões  morfossintáticos (p. ex., "lheísmo", ou seja, lhe como pronome átono geral), fónicos (p. ex. ausência de redução no vocalismo átono, ao contrário do portuguès europeu) e lexicais (em que avultam os numerosos empréstimos vindos das línguas bantas). No 7.º e último capítulo, o autor, de forma muito sucinta, dá conta da singu...

O Português de/em Angola
Peculiaridades Linguísticas e a Diversidade no Ensino
Por Alexandre Timbane, Daniel Peres Sassuco, Márcio Undolo

Angola parece, por vezes, destacar-se na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa como Estado pouco recetivo a convergências em matéria de política linguística, como poderá evidenciar, por exemplo, a sua posição pouco ou nada favorável ao Acordo Ortográfico de 1990. Para esta atitude de demarcação, terá contribuído a história recente do país, com mais de duas décadas de guerra civil logo após a independência, criando condições de instabilidade para que, na população, se definissem padrões de uso menos escrutinados com impacto inevitável na definição da norma nacional. Ao longo dos anos e confirmando esta perceção, figuras políticas e académicas, como foi o caso de Amélia Mingas (1940-2019), foram também reivindicando para as línguas nacionais uma função decisiva na construção da identidade nacional.

Como se observa na Apresentação desta obra (pp. 6-12), «[a] Língua Portuguesa (LP) chegou em Angola por meio do processo da colonização no século XV», acrescentando-se: «A colonização foi acompanhada da implementação da política linguística que obrigava o ensino e uso do português, segundo o Decreto-Lei nº 39.666, de 20 de maio de 1954, do Estatuto dos Indígenas Portugueses das Províncias da Guiné, Angola e Moçambique. O português falado em Angola já se distanciou da variedade de origem. Isso é perceptível na fala dos angolanos. Mas não havia estudos descritivos. Urge a necessidade de desenvolver estudos e pesquisas que visam caracterizar essa nova variedade em uso no cotidiano dos angolanos e angolanas.»

Tal é o contexto da publicação, em 2021, de O Português de/em Angola, homenagem a