v - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Textos publicados pelo autor
As línguas no contexto universitário
Internacionalização e mobilidade internacional, certificações em línguas e plurilinguismo
Por Luciane Boganika, Kátia Bernardon de Oliveira, Josilene Pinheiro-Mariz

Revista Letras Raras, periódico académico de Linguística e Literatura, do Laboratório de Estudos  de Letras e Linguagens na  Contemporaneidade, da Universidade Federal de Campina Grande, no estado brasileiro da Paraíba, dedica o seu n.º 3 de 2024 à «complexa relação entre a aprendizagem de línguas e a dinâmica do ambiente acadêmico globalizado» (Apresentação). Os trabalhos coligidos distribuem-se por diferentes áreas: «internacionalização universitária, políticas linguísticas e multilinguismo, metodologias do ensino do português como língua estrangeira, elaboração didática a partir dos estudos bakhtinianos, aprendizagem do alemão através do programa Idiomas sem Fronteiras (IsF), plurilinguismo e a intercompreensão de línguas românicas» (ibidem).

O presente número compreende oito artigos, na sua maioria dedicados a questões do ensino da língua portuguesa nas universidades. Segue-se uma secção preenchida com seis entrevistas feitas a investigadores e professores universitários envolvidos no ensino e na promoção do português em várias universidades francesas (ver índice).

Neste conjunto, destacam-se os textos centrados na análise da diversidade da língua portuguesa ou das opções que se perfilam para a sua didatização e para a tomada de decisões quanto ao seu ensino no mundo académico. Contudo, no contexto do debate à volta da normativização do português nos diferentes países onde tem estatuto oficial, ganha relevo especial o artigo intitulado "A importância de não ser “pluricêntrico”:...

Como Escrever
Por Miguel Esteves Cardoso

Com chancela da Bertrand Editora, Miguel Esteves Cardoso (MEC) publicou, em julho de 2024, Como Escrever, obra que oferece conselhos práticos sobre a escrita, numa abordagem reflexiva e pessoal. 

Efetivamente, a obra em causa é uma reflexão profunda e prática sobre o ato de escrever. Com o humor e a irreverência que caracterizam o autor, a obra vai além de conselhos formais, convidando o leitor a abraçar a escrita como um processo criativo, quase terapêutico, que não deve ser reprimido pela busca incessante da perfeição – «para escrever, é preciso esquecer a questão da qualidade» (pág. 16) – ou por padrões imposto. MEC enfatiza que o tédio, muitas vezes temido, é na verdade uma ferramenta essencial para gerar ideias, e incentiva os leitores a estarem sempre prontos para capturá-las, seja com papel e caneta ou através de meios digitais.

O autor reforça, na obra, a importância de a escrita ser uma prática constante e pessoal, dissociada de qualquer pressão externa, como a opinião alheia ou mesmo o mercado editorial. Segundo ele, os aspirantes a escritores não devem procurar inspiração em leituras externas, pois «o mal vem de copiar modelos feitos e impostos por outras pessoas, tidos por corretos ou desejáveis» (pág. 12). Além disso, critica os conselhos tradicionais, afirmando que «quando olho para os conselhos que se dão a quem quer escrever, parecem-me todos excelentes conselhos para nunca mais escrever nada na vida. Um desses conselhos é “ler, ler, ler” ou, pior ainda, “ler os bons autores”» (pág. 113). A verdadeira ch...

Palavras Fora da Caixa 5
Manual escolar de Português
Por Judite Marques Pinto, Lúcia Vaz Pedro, Maria da Luz Mendes, Rita Garcia

1.     Organização e Método 

Palavras Fora da Caixa 5* apresenta uma boa organização coerente e funcional, adequada aos alunos; explicita etapas essenciais para a aquisição de conhecimentos, motivando, e para o desenvolvimento de capacidades; contempla sugestões de atividades de carácter prático/experimental e estimula a autonomia e o sentido crítico.

2.     Informação e Comunicação 

Respeita, de forma cabal, as orientações constantes dos documentos curriculares e outras orientações gerais do Ministério da Educação português. Tendo em conta as orientações curriculares, veicula conhecimento correto e relevante.

Promove a educação para a cidadania, não apresentando discriminações de carácter cultural, étnico, religioso e sexual, e respeita o princípio da igualdade de género.

Apresenta uma muito boa organização gráfica (caracteres tipográficos, cores, destaques, espaços, títulos e subtítulos), facilitadora do seu uso, e ilustrações (fotografias, desenhos, gravuras, mapas, gráficos, esquemas) corretas, necessárias e adequadas aos conteúdos e às atividades propostas.

3.     Características Materiais 

Mostra uma muito boa robustez, própria para resistir à normal utilização e para permitir a reutilização. O formato, as dimensões e o peso do manual são perfeitamente adequados ao nível etário do aluno.

4.     Adequação ao Projeto Educativo da Escola 

Adequa-se, em geral, às características da comunidade escolar e revela-se adequado ao contexto edu...

Camões
Uma Antologia
Por Luís Vaz de Camões, Frederico Lourenço

Assinalando o 500.º aniversário do nascimento de Luís Vaz de Camões, que se supõe ter ocorrido em 1524, o classicista, tradutor, ensaísta e escritor Frederico Lourenço brinda o público leitor em língua portuguesa com esta antologia, que abarca «as passagens mais brilhantes de Os Lusíadas e das Rimas».

Se Os Lusíadas, publicados em 1572, são um título com certeza bem conhecido, esclareça-se que as Rimas, uma compilação dos sonetos, canções, éclogas e outras composições líricas, tiveram edição póstuma, em 1595, a que se seguiu outra edição, em 1598 (p. 486). Este legado literário permite a Frederico Lourenço recolher sequências da epopeia e juntar uma seleção de poemas líricos, todos eles textos imbuídos da tradição clássica. O critério, como se lê no Prefácio (pp. 11-12) foi o da preferência pessoal.

Mas o interesse da antologia não fica pelos textos camonianos, porque Frederico Lourenço retoma a tradição de os anotar, na esteira de Manuel Faria e Sousa (1590-1649), um dos primeiros biógrafos do Poeta, de modo a «chamar a atenção para a matriz latina da poesia de Camões». O volume tem, portanto, uma organização bipartida: uma primeira secção constituída por um corpus, por sua vez dividido entre poesia épica e poesia lírica; e depois, a segunda parte, recheada de anotações aos poemas coligidos (pp. 319-611) e completada por uma lista de «abreviaturas bibliográfica e outras». Finaliza a antologia um anexo intitulado "O retrato de Camões" (pp. 625-630), registo ficcional da experiência de um narrador que, transferindo-se para o passado, se vê no corpo do pintor do quadro de Camões que o 2.º Conde de Linhares terá mandado fazer (ver 

Políticas linguísticas educacionais em contextos africanos
Por Cristine Gorski Severo, Ezra Alberto Chambal Nhampoca, Ezequiel Pedro José Bernardo

A obra Políticas linguísticas educacionais em contextos africanos, organizada por Cristine Gorski SeveroEzra Alberto Chambal Nhampoca e Ezequiel Pedro José Bernardo, aborda o contexto educacional africano. Esta publicação, com a chancela da Mazza Edições e disponível gratuitamente em linha, é composta por trabalhos, em língua portuguesa e inglesa, que prestam especial atenção às variedades do português e ao seu ensino nos contextos de Angola e Moçambique. No fundo, o seu objetivo principal é, como assinalam os organizadores, partilhar com os leitores a experiência africana de modo a contribuir «para um debate global sobre os desafios enfrentados pelas políticas linguísticas educacionais, elucidando a importância desse campo de pesquisa e reflexão» (pág. 10).

Esta edição inicia com um prefácio, da autoria do professor Bento Sitoe (Universidade Eduardo Mondlane), que argumenta a favor de políticas de uma educação multilingue em Moçambique, e está dividida em oito capítulos que se focam particularmente em casos angolanos e moçambicanos. Neste sentido, entre os vários capítulos, destacamos o primeiro capítulo, designado «políticas linguísticas educac...