v - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Textos publicados pelo autor
Palavras que o Português deu ao  Mundo
Viagens por sete mares e 80 línguas
Por Marco Neves

A democratização da linguística pode muito bem ser considerada uma das metas das publicações de Marco Neves. A sua mais recente obra Palavras que o português deu ao mundo – viagens por sete mares e 80 línguas (Editora Guerra & Paz) é disso prova, ao oferecer ao leitor uma viagem à história de muitas palavras numa prosa solta e cativante que abandona o registo sério e formal dos seculares compêndios etimológicos feitos por e para especialistas e investigadores, sem, contudo, abdicar da seriedade e do rigor.

Neste registo inovador e muito próprio, o autor guia o leitor num texto que assume, de modo original, o hibridismo entre o género relato de viagens e entrada de dicionário, numa viagem que vai dos lugares às línguas, às palavras, à fonologia, às letras do alfabeto de diferentes línguas, desenvolvendo um percurso histórico que aponta e analisa os factos que conduziram às realidades linguísticas que hoje conhecemos. O leitor é, desta feita, guiado por entre os acontecimentos que determinaram a escolha de vocábulos, a sua significação ou a sua fonologia, testemunhando o percurso histórico das palavras, desde o proto-indo-europeu (nas suas formas recompostas) à transformação que sofreram em diversas línguas. Exemplo desta abordagem é o interessante relato que tem lugar no capítulo intitulado «Viagem a bordo da água» onde se explica o modo como da forma proto-itálica *akw

Tratado de Alcunhas Alentejanas
Por Francisco Martins Ramos, Carlos Alberto da Silva

Em mais de 600 páginas, Francisco Martins Ramos e Carlos Alberto da Silva compilaram nesta obra* cerca de 13 mil alcunhas mais usuais no Alentejo. Organizado em forma de dicionário Tratado das Alcunhas Alentejanas*, é um registo aturado de muitos dos nomes por que são popularmente conhecidos muitos alentejanos, apesar de não constarem no respetivo cartão de identificação. Perto de 13 mil, neste apanhado.

Como se sabe, muitas são as alcunhas atribuídas às pessoas, quase sempre desde crianças, e por ela que identificadas pela vida fora, por familiares, amigos e colegas. Sendo uma tradição antiga em todo o território português, continente e ilhas, é na região alentejana que tomam mais força e peso. Como os autores afirmam «a alcunha marca, no Alentejo, os processos de comunicação e sociabilidade do mundo rural».

Não há uma só explicação para se atribuir determinado nome à pessoa, como se refere na introdução da obra: ou tem que ver com determinados traços físicos, psicológicos ou comportamentais, a filiação, mas também pode resultar da  profissão exercida ou herdada dos antepassados.

Vejamos alguns exemplos, muitos deles bem engraçados, dados com os respetivos significados e a área geográfica onde mais se registam as alcunhas:

«Avarias:  ...

Da Portugalidade à Lusofonia
Por Vitor Sousa

Sob a chancela da Editora Húmus foi publicada em 2017 a obra Da Portugalidade à Lusofonia de Vitor Sousa. O texto é uma versão revista da sua tese de doutoramento em Ciências da Comunicação (Comunicação Intercultural) apresentada na Universidade do Minho, em julho de 2015, e que foi orientada pelo Professor Doutor Moisés de Lemos

Logo na introdução o autor formula uma série de questões a que pretende responder ou sobre as quais, pelo menos, refletir na sua obra: «De que se fala, quando se fala de lusofonia?»; «Será que se está perante uma extensão de uma alegada "portugalidade"?»; «Ou trata-se, afinal, de um espaço cultural, inscrito num património imaterial, ligado por uma língua comum?»; «Em contexto pós-colonial, que debate sobre o "outro" é possível fazer-se?»; «Se existe um "outro" pós-colonial, de quem se trata?»; «Que mudanças na dinâmica relacional eu-outro/outro-eu foram operadas após a descolonização?»

O autor elabora de seguida uma resenha crítica e histórica pelos principais escritos que abordaram o conceito de portugalidade e de lusofonia. Foi o Ciberdúvidas que lhe deu uma primeira “pista” de investigação ao descobrir que o termo portugalidade só começou a ser utilizado nas décadas de 50 e 60 do século XX, em plena vigência do Estado Novo. Foi com 

Dicionário Cómico
Por José Vilhena

Sob a chancela de E-primatur, trata-se da última edição do Dicionário Cómico, da autoria do mais popular humorista português do último quartel do século passado. Editada pela primeira vez em 1963, teve diversas reedições, o que espelha a  sua relevância no panorama humorístico e satírico do país, sob a ditadura do salazarismo. Com os seu  textos e desenhos parodiando a  censura do regime anterior ao 25 de Abril, chegou a ser preso pela PIDE por três vezes (em 1962, 1964 e 1966). José Vilhena (1927-2015)  escreveu  70 livros, dos quais 56 com a sua assinatura. Alguns títulos emblemáticos: Este Mundo e o outro (1956), Manual de etiqueta (1960), História da Pulhice Humana (1961), Branca de Neve e os 700 Anões (1962), A Liga dos Fósforos Queimados (1966),

Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português
Pelo uso linguístico mais crítico e consciente
Por Marco Neves

Um livro  que bem pode classificar-se como um antidicionário de dificuldades da língua. Depois de 12 Segredos da Língua Portuguesa, o professor universitário e tradutor português  Marco Neves faz nova incursão no mundo do prescritivismo gramatical, para, ao modo dos muitos guias publicados na última década em Portugal, acabar por contrariar uma a uma várias ideias feitas sobre o português e outras línguas naturais.

Trata-se de uma obra na sua maior parte preenchida por um conjunto de 41 secções, cada qual dedicada a uma expressão ou construção supostamente incorreta, como seriam os casos de «beijinhos grandes», «o comer», «fazer a barba», «já agora», «mal e porcamente», entre outros. Configura-se, assim, um reportório de erros, afinal, inventados deliberada ou inconscientemente – os «erros falsos» do título –,  em cujo comentário por vezes se intercala a desmontagem de 12 mitos sobre a linguagem e os seus estudos. Uma introdução e um glossário precedem esta lista, seguida ainda de um epílogo que revela como os pseudoerros, sem serem um exclusivo do contexto português, têm igualmente levantado barreiras sociais noutros domínios linguísticos – o do inglês não é exceção. As notas facultam de forma concisa informação bibliográfica útil, que permite aceder ao essencial da discussão em torno da natureza do fenómeno linguístico e da...