v - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Textos publicados pelo autor
Gramática para Todos
O português na ponta da língua
Por Marco Neves

Depois de abordar a língua em diferentes áreas, Marco Neves aceitou o desafio de lançar no mercado uma gramática. A Gramática para todos – o português na ponta da língua, da editora Guerra & Paz, é uma obra que dá continuidade ao estilo informal a que o autor já habituou os seus leitores.

A opção pela coloquialidade fica patente na organização da própria obra, que, mitigando as tradicionais partes da gramática, recorre a metáforas que ilustram o funcionamento gramatical, sendo suscetíveis de simplificar o conteúdo de cada capítulo aos olhos de um leitor não especializado: a secção «Armazém das palavras» aborda a morfologia («Peças para construir palavras») e as classes de palavras, distinguidas entre «Armazéns de porta aberta» (as classes abertas) e os «Parafusos da gramática», as classes fechadas, ditas funcionais; a secção «A máquina das frases» inclui o «Molde da frase» (funções sintáticas e grupos de palavras, mas também secções mais inovadoras, do género «Como criar frases infinitas»). A gramática dedica também um capítulo à produção textual («Como criar um texto»), um outro ao tratamento das dúvidas / erros frequentes («O verniz da escrita»). Aborda, por fim, a «Pontuação», «Sinais», «Abreviaturas, siglas, acrónimos e números» e «Maiúsculas e minúsculas».

No plano estrutural é, portanto, uma gramática que oscila entre a tradição e a procura de zonas de inovação, o que se afigura uma tarefa difícil quando se fala de gramática e, sobretudo, quando o objetivo é clarificar a gramática já existente. Não obstante, fica claro que todas as opções da gramática da autoria de Marco Neves se constro...

Políticas Linguísticas em Português
Por Paulo Feytor Pinto, Sílvia Melo-Pfeifer

Mais de quarenta anos depois das independências dos países africanos de língua portuguesa, é tempo de balanço. Balanço de tudo. O livro Políticas Linguísticas em Português, coordenado por Paulo Feytor Pinto e Sílvia Melo-Pfeifer integra os mais variados estudos sobre uma grande diversidade de matérias na especificidade do português, variante europeia, e nas variantes de cada um dos territórios onde vive e contribui para a unidade nacional dos PALOP e do Brasil.

Uma reunião de onze textos originais da autoria de catorze especialistas: de modo diferenciado, de acordo com as especificidades dos contextos e as opções dos autores, os contributos abordam tópicos como a história social da diversidade linguística do país ou território em análise; as representações sociais; os estatutos e papéis da língua portuguesa e das outras línguas presentes; as práticas e ideologias linguísticas; e, naturalmente, a política linguística explícita, nos domínios do estatuto, do corpus e da educação. 

A obra começa com o investigador brasileiro Marcos Bagno, "Duas línguas, quantas políticas?" que defende a tese da existência de «dois sistemas linguísticos e, portanto, duas línguas». Enuncia de seguida determinados aspetos que pretendem dar corpo à sua conhecida polémica tese. Por exemplo, os fenómenos fonéticos exclusivos do português europeu e al...

Palavras que o Português deu ao  Mundo
Viagens por sete mares e 80 línguas
Por Marco Neves

A democratização da linguística pode muito bem ser considerada uma das metas das publicações de Marco Neves. A sua mais recente obra Palavras que o português deu ao mundo – viagens por sete mares e 80 línguas (Editora Guerra & Paz) é disso prova, ao oferecer ao leitor uma viagem à história de muitas palavras numa prosa solta e cativante que abandona o registo sério e formal dos seculares compêndios etimológicos feitos por e para especialistas e investigadores, sem, contudo, abdicar da seriedade e do rigor.

Neste registo inovador e muito próprio, o autor guia o leitor num texto que assume, de modo original, o hibridismo entre o género relato de viagens e entrada de dicionário, numa viagem que vai dos lugares às línguas, às palavras, à fonologia, às letras do alfabeto de diferentes línguas, desenvolvendo um percurso histórico que aponta e analisa os factos que conduziram às realidades linguísticas que hoje conhecemos. O leitor é, desta feita, guiado por entre os acontecimentos que determinaram a escolha de vocábulos, a sua significação ou a sua fonologia, testemunhando o percurso histórico das palavras, desde o proto-indo-europeu (nas suas formas recompostas) à transformação que sofreram em diversas línguas. Exemplo desta abordagem é o interessante relato que tem lugar no capítulo intitulado «Viagem a bordo da água» onde se explica o modo como da forma proto-itálica *akw

Tratado de Alcunhas Alentejanas
Por Francisco Martins Ramos, Carlos Alberto da Silva

Em mais de 600 páginas, Francisco Martins Ramos e Carlos Alberto da Silva compilaram nesta obra* cerca de 13 mil alcunhas mais usuais no Alentejo. Organizado em forma de dicionário Tratado das Alcunhas Alentejanas*, é um registo aturado de muitos dos nomes por que são popularmente conhecidos muitos alentejanos, apesar de não constarem no respetivo cartão de identificação. Perto de 13 mil, neste apanhado.

Como se sabe, muitas são as alcunhas atribuídas às pessoas, quase sempre desde crianças, e por ela que identificadas pela vida fora, por familiares, amigos e colegas. Sendo uma tradição antiga em todo o território português, continente e ilhas, é na região alentejana que tomam mais força e peso. Como os autores afirmam «a alcunha marca, no Alentejo, os processos de comunicação e sociabilidade do mundo rural».

Não há uma só explicação para se atribuir determinado nome à pessoa, como se refere na introdução da obra: ou tem que ver com determinados traços físicos, psicológicos ou comportamentais, a filiação, mas também pode resultar da  profissão exercida ou herdada dos antepassados.

Vejamos alguns exemplos, muitos deles bem engraçados, dados com os respetivos significados e a área geográfica onde mais se registam as alcunhas:

«Avarias:  ...

Da Portugalidade à Lusofonia
Por Vitor Sousa

Sob a chancela da Editora Húmus foi publicada em 2017 a obra Da Portugalidade à Lusofonia de Vitor Sousa. O texto é uma versão revista da sua tese de doutoramento em Ciências da Comunicação (Comunicação Intercultural) apresentada na Universidade do Minho, em julho de 2015, e que foi orientada pelo Professor Doutor Moisés de Lemos

Logo na introdução o autor formula uma série de questões a que pretende responder ou sobre as quais, pelo menos, refletir na sua obra: «De que se fala, quando se fala de lusofonia?»; «Será que se está perante uma extensão de uma alegada "portugalidade"?»; «Ou trata-se, afinal, de um espaço cultural, inscrito num património imaterial, ligado por uma língua comum?»; «Em contexto pós-colonial, que debate sobre o "outro" é possível fazer-se?»; «Se existe um "outro" pós-colonial, de quem se trata?»; «Que mudanças na dinâmica relacional eu-outro/outro-eu foram operadas após a descolonização?»

O autor elabora de seguida uma resenha crítica e histórica pelos principais escritos que abordaram o conceito de portugalidade e de lusofonia. Foi o Ciberdúvidas que lhe deu uma primeira “pista” de investigação ao descobrir que o termo portugalidade só começou a ser utilizado nas décadas de 50 e 60 do século XX, em plena vigência do Estado Novo. Foi com