Pergunta:
Tenho uma dúvida no que diz respeito ao uso de perda e perca. A resposta fornecida por esta página diz que ambas as formas são corretas, sendo a segunda popular, mas corretíssima. No entanto, aprendi que perda é um substantivo e perca é uma forma conjugada do verbo perder. Foi enfaticamente frisado que é um erro muito grosseiro usá-las fora destas funções. Por exemplo, correto é dizer «Isto é uma perda de tempo», mas jamais deve ser dito, «Isto é uma perca de tempo». Outro exemplo, diz-se: «Perca o medo dos desafios» e não «Perda o medo dos desafios».
Gostaria de saber o porquê dessas diferenças. Aprendi a forma incorreta? Ou, neste caso, há diferenças entre Brasil e Portugal? Ou, ainda, há controvérsias sobre o tema?
Resposta:
A forma perca (=perda) é própria linguagem popular. Na norma culta – e é o que se recomenda –, emprega-se perda. E há, ainda, a forma verbal perca.
O Dicionário Aurélio também regista perca como substantivo, e dá-lhe os mesmos significados com que em Portugal se emprega: perda, prejuízo, dano. Designa também um determinado peixe: «Género de peixes teleósteos arcantopterígios (Perca artedi), da família dos percídeos, vorazes, resistentes e rápidos na fuga, com barbatanas duras e espinhosas e de que se conhecem várias espécies.» [in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa.]
Perca, além de substantivo, é também forma do verbo perder: 1.ª e 3.ª. pessoa do singular do presente do conjuntivo e ainda do imperativo: «perca o medo dos desafios».
Pelo que informa o Dicionário Aurélio, também se admite no Brasil o substantivo perca na linguagem popular.
Cf. A perca (crónica de Martha Medeiros, in Português é legal!)