Pergunta:
Agradeço a sua explicação pormenorizada sobre o "a" no acusativo. As dúvidas, no entanto, persistem. Das suas explicações tirei os exemplos fornecidos e volto a perguntar.
(h) A teus pais, nunca desrespeites.
Não seria melhor (e necessário) dizer: … nunca os desrespeites, como é a condição «sine qua non» em espanhol?
(j) Deu o almoço a ambos eles.
Não me parece um exemplo feliz, já que aqui "dar a ambos eles" diz respeito ao dativo e não ao acusativo.
(r) ... aceitou-o, mas não ao dinheiro.
Será preciso este a?
1. - É correcta a pergunta: A quem ajudou a Ana?
Muitos dos portugueses, mesmo professores de português (!), contestam o "a", dizendo: Quem… ? A que se deve isso?
5. - O verbo faltar é também transitivo indirecto. Portanto, dizemos «faltar à aula/ao exame, etc».
Substitua, por favor, "à aula" e "ao exame" pelos respectivos clíticos.
Resposta:
Os seus comentários/dúvidas exigem uma longa resposta, que está fora das atribuições do Ciberdúvidas. Vou, pois, ser o mais breve possível, não esclarecendo tudo que eu desejaria.
A. - A teus pais nunca desrespeites. - Sim, também é correcto «... nunca os desrespeites». Temos aqui o complemento directo pleonástico. Emprega-se, quando queremos dar mais energia ao que dizemos. Quando o queremos acentuar. Mas gramaticalmente não é necessário. Apenas o é estilisticamente.
B. - Deu o almoço a ambos eles.
Tem razão. Houve erro da minha parte. É tão evidente e comezinho, que não o sei explicar. Teria sido distracção? Uma vez aconteceu-me coisa semelhante por me chamarem ao telefone. Agora, talvez tivesse visualizado um complemento indirecto, em que a preposição a é muito mais vulgar.
Fico-lhe muitíssimo grato por me ter chamado a atenção para o caso. O elemento a ambos eles é complemento indirecto (dativo).
C. - Aceitou-o, mas não ao dinheiro.
Sim, é precisa a preposição a por uma questão de clareza. Sem ela, o elemento o dinheiro poderia ser interpretado como sujeito. Exemplifico com uma frase mais apropriada:
(a) O João aceitou-o, mas não à Marta.
(b) O João aceitou-o, mas não a Maria.
Julgo não precisar de explicação.
D. - A quem ajudou a Ana?
Frase correctíssima! O pronome quem (acusativo) deve ser regido de a. Se suprimirmos a, o pronome quem desempenhará a função de suj...