Fernando Pestana - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Fernando Pestana
Fernando Pestana
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Fernando Pestana é um gramático e professor de Língua Portuguesa formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestre em Linguística pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Atua há duas décadas no ensino de gramática voltado para concursos públicos e, atualmente, em um curso de formação para professores de Português.

 
Textos publicados pelo autor
Existem «níveis» no uso da língua?
Línguagem literária e norma-padrão

«A linguagem literária é o uso da língua em seu "estado de arte". É exatamente por esse motivo que, ao longo de dois milênios, ela serviu de modelo, de "ideal linguístico" para o chamado "bom uso" da língua registrado nas consagradas gramáticas normativas, que sistematizaram a "norma-padrão".» 

O gramático brasileiro Fernando Pestana sublinha a importância que tradicionalmente se dá ao uso literário da língua para a elaboração da norma-padrão, neste apontamento publicado no mural do Facebook Língua e Tradição, com a data de 8 de maio de 2022.

Sabe aquela sensação...?
Em defesa da gramática normativa tradicional

«[A]s famigeradas "gramáticas normativas tradicionais" [...] registram em si o conjunto de usos linguísticos tomados como exemplares, usados pelos homens mais cultos duma sociedade [...]» – defende o gramático brasileiro Fernando Pestana a respeito da tradição gramatical prescritiva neste apontamento transcrito com a devida vénia do mural Lingua e Tradição (Facebook, 04/06/2023).

O pirlimpimpim na língua escrita
As partículas expletivas

«A nossa língua é tão sofisticada, que nos dá instrumentos para focalizar, intensificar uma ideia na escrita» – consideraa o gramático brasileiro Fernando Pestana num apontamento dedicado às chamadas «partículas expletivas» e transcrito com a devida vénia do mural Língua e Tradição (Facebook, 27/08/2023).

A prosódia a serviço do sentido
A entoação e duração dos enunciados

«A entonação pode alterar o sentido duma frase. A duração de um som também. Um sussurro, um balbucio, um clique, uma maneira especial de articular um som pode provocar diferentes efeitos de sentido [...]» – observa o gramático Fernando Pestana sobre a importância da prosódia como área dos estudos linguísticos. Texto transcrito com a devida vénia do mural Língua e Tradição (Facebook), onde foi originalmente publicado em 7 de abril de 2024.

Pergunta:

Gostaria de saber se há em português os seguintes casos:

1) Substantivos que são invariáveis (em relação ao gênero) no singular e variáveis no plural.

2) Substantivos invariáveis (gênero) no singular e que mudam o gênero quando vão para o plural.

Em italiano, por exemplo, há os casos «il dito/ le dita», «il paio / le paia», etc.

Obrigado.

Resposta:

Os substantivos uniformes (comum de dois gêneros, sobrecomum e epiceno) não variam (na forma) quanto ao gênero, mas variam (na forma) quanto ao número. Veja três exemplos de cada grupo:

1)
o/a dentista; os/as dentistas;
o/a repórter; os/as repórteres;
o/a cliente; os/as clientes.

2)
a criança; as crianças;
o indivíduo; os indivíduos;
a vítima; as vítimas.

3)
a cobra; as cobras;
a barata; as baratas;
o jacaré; os jacarés.

Em consulta às gramáticas do português, não foram encontrados substantivos invariáveis em gênero quando estão no singular, mas variáveis em gênero quando vão ao plural.

Sempre às ordens!