Pergunta:
Gostaria que me ajudassem numa questão sobre o Novo Acordo Ortográfico (NAO). Aqui no Brasil, antes da entrada do NAO, recomendava-se que se utilizasse o trema nalguns vocábulos: cinquentenário; sagui; pinguim; consequência; ambiguidade; unguento; linguística; subsequente; linguiça; cinquenta; equestre; aguentar; sequestrador; sequela; tranquilidade.
Noutros casos era de uso facultativo: liquidações/liqüidações; liquidificador/liqüidificador; antiguidade/antigüidade; sanguíneo/sangüíneo. É, pois, nesses casos, que reside minha dúvida. Segundo o NAO, em sua Base XIV: «Do Trema, 1. O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas.» Nos casos em que era facultativo o uso do trema, e cuja pronúncia, consequentemente, também o era, será suprimida a que levava o trema, ou permaneceram ambas pronúncias, só que sem o trema? Há, ainda, alguns vocábulos mais difíceis ou de uso menos frequente em que estava o trema para ajudar na pronúncia. São eles, dentre outros: ágüe/agüemos, alcagüete, apazigüemos, aqüicultura, argüir, bilingüismo, contigüidade, delinqüência, desmilingüir, enxágüe, eqüidistante, <...
Resposta:
Vale a pena transcrever integralmente a Base XIV do Acordo Ortográfico de 1990 (AO 1990):
«O trema, sinal de diérese[1], é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que tetrassílabo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo; etc.
Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para distinguir, em sílaba átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior, quer para distinguir, também em sílaba átona, um i ou um u de um ditongo precedente, quer para distinguir, em sílaba tónica/tônica ou átona, o u de gu ou de qu de um e ou i seguintes: arruinar, constituiria, depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano, reunião; abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; aguentar, anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue), lingueta, linguista, linguístico; cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I, 3.º, em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller, etc.»
Presume-se, portanto, que o trema desaparece mesmo, não havendo lugar para casos de facultatividade. Mas, para quem tenha dúvidas, a Nota Explicativa do AO 1...