Pergunta:
Segundo a base IX, ponto 4, do texto do novo Acordo Ortográfico: «É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português.»
Pergunta 1: A colocação facultativa deste acento restringe-se a um determinado espaço geográfico (Brasil, por exemplo), ou é para todos os países lusófonos?
Tenho lido opiniões que defendem que a possibilidade de não colocar este assunto distintivo é apenas para o Brasil. Custa-me a crer que seja assim, uma vez que no Norte (aqui é com maiúscula, não é?) do país é frequente o timbre fechado para ambos os tempos: presente e pretérito perfeito.
Pergunta 2: O Acordo Ortográfico consagra, entre muitas outras, a dupla grafia infeccioso/infecioso. Em Portugal, podemos escolher usar uma ou outra (como em sector/setor)?
Que instrumento de consulta me sugerem para esclarecer, no caso das duplas grafias, qual o espaço geográfico onde se aplica cada uma delas?
Antecipadamente agradecido pela atenção.
Resposta:
O texto do Acordo Ortográfico de 1990 é omisso sobre a distribuição regional de pares de formas facultativas, pelo que se depreende que a facultatividade em causa seja generalizável a todo o espaço de língua portuguesa. Uma opção dos vocabulários ortográficos recentes é registar as duas formas ou dar relevo a uma delas, fazendo acompanhar o outro membro do par de uma nota que o atribui à norma do Brasil. Por exemplo, nas formas de 1.ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo dos verbos regulares da 1.ª conjugação, regist{#|r}am-se as duas variantes: cantámos/cantamos (caso do Vocabulário Ortográfico do Português — VOP — do ILTEC).
Quanto ao par infecioso/infeccioso, os vocabulários ortográficos do português europeu seleccionam infecioso: o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora regista apenas infecioso, enquanto o VOP apresenta infeccioso como forma brasileira, a par de infecioso, que se depreende seja a forma preferível em português de Portugal.
Os instrumentos de consulta para dirimir estas dúvidas são, claro está, as fontes aqui referenciadas.