Pergunta:
Qual o significado dos dois termos "esmarra-se" e "moquino"? Trata-se de expressões usadas por José Luís Peixoto, em Cal, e presumo serem termos usados na Beira Baixa.
Resposta:
Convém sempre indicar os contextos em que ocorrem as palavras que não conhecemos. Neste caso, a pista é efectivamente o livro de José Luís Peixoto Cal (Lisboa, Quetzal Editores), mais concretamente o texto dramático «À manhã» (págs. 95 e 99):
1. «A minha Lucrécia esmarre-se com trabalhar.»
2. «[...] Fujam daqui, já disse. Deixem-me. Cachopos... Espeto um moquino nalgum, que vão ver. Isso, não se importem. Fiquem para ai a rir-se. Quando lhes começarem a cair moquinos em cima, aí é que vão ver. Riam-se à vontade. Então, não é proibido. Agora, quando começarem a levar com moquinos, qual de baixo, qual de cima, isso é que vai ser rir a bom rir [...].»
O falar regional das personagens das passagens transcritas não parece ser o da Beira Baixa. Deve é ser o da zona alentejana donde o próprio autor é proveniente — Ponte de Sor, no distrito de Portalegre.
Quanto ao verbo, não é "esmarrar-se", mas, sim, esmarrir (ou neste uso regional, esmarrir-se), conforme indicam os vários regist{#|r}os lexicográficos (cf. Dicionário Houaiss, Dicionário Aulete, Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, na Infopédia), mais ou menos coincidentes quanto ao seguinte significado: «secar, murchar» e, em linguagem figurada, «desanimar, entristecer».1 A forma com pronome reflexo usada no contexto 1 parece revestir-se de valor enfático, querendo dizer o mesmo que cansar-se, esfalfar-se.
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