Pergunta:
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), editado pela Academia Brasileira de Letras, abona os seguintes verbetes: estupro e estrupo.
Com fulcro nos dicionários de Caldas Aulete e António de Morais Silva, concluo que se trata de parônimos, mas, não, de formas variantes. Em síntese: apesar da falta da devida advertência na citada publicação, a exemplo do que se verifica em outros vocábulos (e.g. eminente e iminente), o abono da ABL não autoriza que se use estrupo por estupro. Submeto esse entendimento à douta apreciação dos que fazem esse preciosíssimo sítio, excepcional e incomparável serviço à língua portuguesa.
Resposta:
À primeira vista, eu diria que estrupo é deturpação de estupro e, como tal, aparece por lapso no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letra (o VOLP da Porto Editora também acolhe as duas entradas). Além disso, consultei vários dicionários (Houaiss, Priberam, Porto Editora, Academia das Ciências de Lisboa), sem que estrupo conste em nenhum deles. Contudo, foi no Aulete Digital que dei com o substantivo masculino estrupo, com o significado de «tropel, tumulto, ruído», sinónimo de estrupido.
Em conclusão, encaro estrupo como palavra legítima, apesar de escassamente atestada, e parónima de estupro. E concordo com o consulente quanto à necessidade de uma advertência que assinale este caso de paronímia nos vocabulários ortográficos mencionados.