Pergunta:
Li a vossa explicação sobre o tema e responde em parte à minha dúvida, no entanto há topónimos derivados de nomes comuns que não são precedidos de determinantes artigos.
Exemplos: Vila Real, Quintanilha, Milhão, Palácios, Soutelo...
Qual a explicação?
Obrigado
Resposta:
A explicação não tem que ver com o significado nem com a lógica dos nomes envolvidos, mas, sim, com a história de uso do topónimo e dos seus elementos constituintes.
Assim, os topónimos que contenham o nome vila não têm artigo definido, tal como acontece com outras palavras comuns referidas a núcleos habitados e edifícios: «em Vila Nova de Gaia», «em Castelo Branco». Este uso tem também que ver com a antiguidade dos topónimos e a sua proeminência administrativa.
Nos outros casos – Quintanilha, Palácios e Soutelo – , apesar da origem em nomes comuns relativos a espaços rurais (quintã ou quinta e souto) e edificações (palácio), a falta de artigo definido decorre também da história de uso.
Finalmente, Milhão não vem do numeral milhão, mas sim do nome latino medieval Emilianus, por via da forma Emiliani, que na sua evolução deu Milhan e depois Milhão2. Em topónimos como este, derivados de nomes próprios medievais, não se usa o artigo definido: «em Gondomar», «em Guimarães», «em Resende».
1 A forma Quintanilha tem configuração leonesa e deve corresponder a um diminutivo – quintana + -ilha –, equivalente a quintinha. Soutelo é também um diminutivo resultante da junção, a souto («bosque, geralmente de castanheiros»), do sufixo -elo, muito produtivo na Idade Média. Consultar José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portu...