Pergunta:
Surpreendi no mural do escritor Mário Cláudio a expressão «põe-lhe sal na moleirinha», dita por alguém referindo-se de forma crítica à relação da nora com o filho.
Pesquisei e vi outras formulações com alteração do verbo inicial, tais como: «bota-lhe sal na moleirinha» ou «joga-lhe sal na moleirinha», e outras tantas em que moleirinha é substituído por moleira.
Os sentidos, do que averiguei numa pesquisa breve, podem ser diferentes e ir desde a crítica, sendo o equivalente a «mói-lhe o juízo», «inferniza-lhe a cabeça», «põe-lhe coisas na cabeça», «põe-no a cismar», como em «Se a seus afins não põe ao largo do seu beiral, queira ou não queira, hão de lhe o sal pôr na moleira!», até ao elogio, com o sentido de «põe-lhe juízo na cabeça», visível em: «Deus põe sal na minha moleira para me dar mais juízo». Ou mesmo ter um sentido equivalente a «salgar a terra», na qual depois nada nasce, visível nos versos: «Eu não quero mais amar / Nem achando quem me queira / O primeiro amor que tive / Botou-me sal na moleira».
Podem, por favor, esclarecer os vários sentidos da expressão?
Resposta:
«Pôr o sal na moleira» (ou «na moleirinha») é expressão idiomática que encontra registo no dicionário de Caldas Aulete:
«Pôr o sal na moleira 1. a alguém (pop.), fazer perder a paciência, não se poder aturar, dar que fazer ou que pensar.»
O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa inclui também esta e outras expressões no artigo referente a moleira, vocábulo genericamente definível como «abóbada do crânio», mas que também ocorre no sentido de «juízo, tino»:
«pôr (o) sal na moleira a alguém: 1. fazer perder a paciência a alguém; 2. dar uma lição a alguém; fazer com que seja mais ponderado»
«ser duro da moleira: ser pouco inteligente»
«ter já a moleira dura: já ser velho de mais para aprender».