Carlos Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Rocha
Carlos Rocha
1M

Licenciado em Estudos Portugueses pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Linguística pela mesma faculdade e doutor em Linguística, na especialidade de Linguística Histórica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Professor do ensino secundário, coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, destacado para o efeito pelo Ministério da Educação português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Qual a diferença entre as expressões in situ e in loco?

Resposta:

Segundo o Dicionário Houaiss, são locuções que podem ser sinónimas quando significam «no próprio local».

No entanto, in situ tem outras aceções, não atribuíveis a in loco: «(anatomia geral) que está em seu lugar natural ou normal (diz-se de estrutura ou órgão); (oncologia) que permanece confinado ao local de origem, sem invadir os tecidos vizinhos (diz-se de tumor)».

Pergunta:

No contexto da frase que se segue, pode empregar-se «não obstantes»?

«Não obstantes(s) os esforços realizados pela equipa médica, o paciente não sobreviveu.»

Resposta:

«Não obstante» usa-se como expressão invariável – ou como locução conjuncional (como sinónimo de «apesar de»: «não obstante os esforços...») ou como locução adverbial (como sinónimo de «apesar disso»: «chovia torrencialmente; não obstante, saí»).

Pergunta:

As palavras diurno, diabrete e adiar pertencem à família da palavra dia?

Resposta:

À família de palavras de dia, pertencem as palavras diurno e adiar: a primeira tem origem no latim diurnus, que tem a mesma raiz de dies, diei, «dia», donde provém dia (cf. Dicionário Houaiss); a segunda é derivada por parassíntese de dia (cf. idem).

A palavra diabrete não faz parte desta família, porque a sequência dia- não tem que ver com dia, nem histórica nem semanticamente. Diabrete é antes um diminutivo cujo radical, diabr-, é uma variante do de diabo, palavra que, por sua vez, remonta ao «latim diabǒlus, i, "diabo, espírito da mentira, caluniador", empréstimo tomado pela língua da Igreja, em Tertuliano (c155-c222) e outros, ao grego diábolos, ou "idem" (derivado de bállō "lançar, jogar" [...]) [...].»

Pergunta:

Por favor, digam-me como escrever as abreviaturas de númerais ordinais no plural. No singular, abrevio assim: 1.º, 1.ª, 2.º, 2.ª, 3.º, 3.ª, etc.

Resposta:

Usa a terminação -os e -as em expoente como acontece com o singular:  1.ᵒˢ, 1.ᵃˢ, 2.ᵒˢ, 2.ᵃˢ, 3.ᵒˢ, 3.ᵃˢ, etc.

Pergunta:

Diz-se «trabalho para casa», ou «trabalho de casa»?

Resposta:

Em Portugal, onde por vezes aos trabalhos que os professores passam aos alunos para fazerem para casa também se chama deveres, diz-se das duas maneiras. Assinale-se, contudo, o uso muito frequente da sigla TPC, que corresponde a «trabalho para casa».