Pergunta:
As palavras taquicardia e bradicardia surgem na maioria dos dicionários como paroxítonas. No entanto, são muitas vezes usadas na terminologia clínica como proparoxítonas, na maioria das vezes oralmente. Posto isto, há alguma evolução da língua que permita o seu uso com acentuação esdrúxula ("taquicárdia" ou "bradicárdia")?
Obrigado.
Resposta:
Taquicardia e bradicardia, que se pronunciam com acento tónico na sílaba -di-,são as formas corretas e as únicas registadas quer nos dicionários gerais quer nos vocabulários ortográficos. Contudo, é verdade que no uso se observam oscilações na fonia e na grafia do elemento -cardia, conforme se comenta no Dicionário Houaiss, s. v. -cardia:
«pospositivo, do gr. kardía, as, "coração" (tomado como se no voc. houvesse o suf. -ia, formador de subst. abstr.), em compostos da terminologia médica, quase exclusivamente do sXIX em diante: acardia, aclistocardia, atelocardia, baticardia, bradicardia, embriocardia, estenocardia, taquicardia; [...] a pronúncia -cardia (dí) tende a estabilizar-se na língua de cultura, embora haja áreas regionais cultas ou segmentos sociais cultos que vacilem (-cárdia)»
As formas "taquicárdia" e "bradicárdia", não aceites pela norma, parecem dever-se a analogia do elemento -cardia com o elemento -cárdio, que se depreende do adjetivo grego perikárdios, on, «que está em volta do coração», e apresenta a variante -cárdia, formando pares como bucárdio/bucárdia, isocárdio/isocárdia e venericárdio/venericárdia (idem). Observe-se que, em espanhol, existem as formas etimologicamente correspondentes taquicardia e bradicardia, mas ambas com o acento tónico na sílaba -car.