Pergunta:
Na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 26, p. 477, col. 1, l. 25, observa-se, na entrada sabedoria, uma referência ao romance de cavalaria Crónica do Imperador Clarimundo (João de Barros, Coimbra, 1522): «… e pois isto que disse mais foi espiorado de sua graça que de minha sabedoria…» (capítulo 28.º).
Tendo efetuado alguma pesquisa, não encontrei o termo "espiorado" em nenhum lugar, devendo confessar que foi breve e superficial a pesquisa efetuada.
A minha questão é, pois: o termo "espiorado" foi palavra portuguesa – hoje um arcaísmo –, ou trata-se de uma gralha na referida enciclopédia? Se é arcaísmo, isto é, se realmente existiu, qual o significado que hoje se pode atribuir?
Antecipadamente grato, pela V.ª dedicação.
Resposta:
Trata-se de uma gralha, porque a grafia original é espirado:
«... pois isto que disse mais foi espirado de sua graça que de minha sabedoria...» (João de Barros, Chronica de Emperador Clarimundo, donde os Reys de Portugal descendem, tirada de lingua ungara em a nossa Portuguesa, Lisboa: Officina de Francisco da Sylva, Livreiro da Academia Real, e do Senado; e impressa à sua custa, 1742, cap. XXVIII, p. 298 – disponível na Biblioteca Nacional Digital).
Espirado é o mesmo que inspirado, tendo em conta o Diccionario da Antiga Linguágem Portugueza, de H. Brunswick (Lisboa, Empresa Lusitana Editora, 1910).