Não há muitas palavras de origem africana na língua portuguesa. O português que se falava nas colónias incluía, informalmente, termos dessa origem, desconhecidos em Portugal.
A mais famosa talvez seja a expressão «musseque» para significar os subúrbios negros de Luanda. «Musseque» vem do kimbundu «mu seke», que significa «no vermelho». A terra de Luanda é vermelha (seke) e os portugueses, tal como noutros casos, construíram uma palavra através de uma expressão que lhes foi dita. Possivelmente algum português perguntou a um africano: «Onde é?», e este respondem «mu seke».
Hoje essa expressão deixou de ter muito uso, sendo substituída por «subúrbio».
Outros exemplos:
«cubata» - casa de africanos. Significa «na casa» - «ku mbata». Ficou em português: «cubata».
«quimbo» - bairro/aldeia africano do centro de Angola. Significa «no bairro» - «ku imbo». Ficou em português: «quimbo».
«Massangano» - povoação a leste de Luanda. Quando os portugueses aqui chegaram, teriam perguntado pelo seu nome. Os habitantes não perceberam, pensando que os portugueses lhes estavam a perguntar que cultura era aquela. Responderam: «Milho, senhor» («masa, ngana») e o nome da terra ficou Massangano.
Um dos calões mais famosos incorporados no português de Portugal nos últimos anos, importado do linguajar dos jovens luandenses e que os jovens lisboetas rapidamente incorporaram é «bué». «Bué» quer dizer «muito», mas no sentido do «beaucoup» francês e não do «très»: «Bué de coisas», «bué de garinas», «bué de dinheiro». Mas os jovens lisboetas usam muitas vezes a expressão incorrectamente: «bué bonita», «bué rica», etc. Em Luanda ninguém diz isto, porque está errado.
No português popular de Luanda não se diz «vou á casa dele» mas «vou na casa dele».