Pergunta:
Na minha Árvore de Costados o apelido aparece grafado em vários séculos como "Brás" (1665, 1712, 1980...) ora como "Bráz" (1773, 1884, 1960...). Em nenhum registo o Bráz aparece sem acento gráfico.
[...] A que se deverá esta alternância em termos de grafia?
Resposta:
A variação apontada deve-se à confusão gráfica entre as letras s e z, que na pronúncia deixaram de se distinguir a partir do século XVII em várias regiões do país, sobretudo na corte de Lisboa. Esta situação explica que z apareça frequentemente em lugar de s e vice-versa; é este o caso de Brás/Braz, nome que tem origem na forma latina Blasius, «santo martirizado na Arménia em 316» (José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, 2003). Esta forma latina evoluiu em galego-português como Blas (igual à do castelhano), que tinha como variante Bras, forma que se tornou a portuguesa Brás (a galega é Bras ou muitas vezes Blas). Esta forma tinha um s final que soava como o chamado "s" beirão (que aos lisboetas e à população portuguesa meridional soa como x, mas que não é assim articulado).
Mais tarde, no litoral e no sul de Portugal, o som associado a este s acabou por se confundir com o som marcado pelo -z final de noz e rapaz (que nestas palavras já deveria soar surdo como o ç de caça). Esta confusão fonética levou os falantes a confundirem também o lugar das duas letras nas palavras, de tal maneira que, no século XVIII e XIX, aparece muitas um -z final sem justificação na história linguística anterior (por exemplo, portuguez, que parece suplantar a forma acabada em -s), sem...