Pergunta:
Percebi recentemente que teria tendência a escrever "inverosímel" em vez de inverosímil.
Intrigada, procurei encontrar uma explicação para esta tendência e percebi que, além de normalmente se pronunciar "inverosímel", o plural de inverosímil segue a regra de formação do plural das palavras terminadas em -el – inverosímeis.
Esta constatação despertou-me a curiosidade pela etimologia da palavra, mas não encontro nada que justifique a terminação em -il com plural em -eis.
Agradeço desde já uma eventual explicação, se a houver.
Resposta:
Os adjetivos terminados em -il átono formam o plural com a terminação -eis:
útil – úteis
ágil – ágeis
fácil – fáceis
O adjetivo inverosímil, tal como a sua base de derivação, o também adjetivo verosímil, pertence a esta série.
O plural em -eis parece dever-se à analogia com adjetivos terminados em -el átono, o que sugere que em fases anteriores da língua se oscilou entre "fácil" e "fácel" ou "fácele"2. Por outras palavras, assim como impossível tem o plural impossíveis, também inverosímil pluraliza sob a forma inverosímeis – e não "inverosímis", apesar de terminado em -il (cf. funil/funis).
Trata-se de uma particularidade dos adjetivos e nomes terminados em -il que são palavras graves (paroxítonas), conforme assinala Rosa Virgínia Mattos e Silva3: «[...] parece que o plural do tipo actual perduráveis, estáveis é posterior ao século XVI. Uma pista está na informação do Dicionário Etimológico de J. P. Machado, que afirma que fácis (de fácil) ocorre ainda no século XVI e fáceis só está documentado no século XVII [...].»
1 No Brasil, dá preferência verossímil e inverossímil, com -ss- (cf. Dicionário Houaiss).
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