Pergunta:
No excerto:
«O último elemento do grupo, o narrador, não era tão sonhador como os outros e, por isso, não via forma nenhuma naquela nuvem. Para não ficar mal perante os outros, ele afirma que vê um hipopótamo. Perante tal afirmação, toda a gente ficou espantada.»
As classes e subclasses das palavras via e para são, respetivamente, verbo principal transitivo direto e indireto (seleciona complemento direto e complemento indireto) e conjunção subordinativa final?
Obrigada.
Resposta:
Com efeito, no caso em apreço, o verbo ver é um verbo transitivo direto e indireto e a palavra para pode ser, no quadro do Dicionário Terminológico, classificada como conjunção subordinativa final.
Na frase transcrita abaixo, o verbo ver pede um complemento direto e um complemento oblíquo, tendo um funcionamento de verbo transitivo direto e indireto:
(1) «Ele não via forma nenhuma naquela nuvem.»
Para confirmar a natureza de um verbo e para distinguir os constituintes que desempenham função de complemento dos que desempenham a função de modificador, podemos usar dois testes (leia-se esta resposta): o teste da pergunta-resposta e o teste de clivagem. Apliquemo-los (para facilitar a análise colocamos a frase na forma afirmativa):
(2) «Ele via uma forma naquela nuvem.»
(i) Teste da pergunta-resposta:
(2a) P: «O que é que ele fazia?»
R: «via uma forma naquela nuvem.»
(2b) P: «*O que ele que ele fazia naquela nuvem?»
R: «*via uma forma»
(ii) Teste de clivagem:
(2c) «É ver uma forma na nuvem que ele faz?»
«*É ver uma forma que ele faz naquela nuvem?»
Ambos os testes pretendem verificar se é possível afastar constituinte do verbo ou se este afastamento determina uma construção agramatical. Os constituintes que se podem afastar do verbo não são seus argumentos, ou seja, não são complementos do...