Textos publicados pela autora
O verbo ter na voz passiva: «Duas casas são tidas pelo João»
Pergunta: Estou tentando descobrir desde ontem, e ainda não sei: porque a frase «Duas casas são tidas pelo João» é agramatical! Em que conceitos da G. T. se fundamenta essa agramaticalidade?
Um abraço.Resposta: A resposta é muito simples; nas frases passivas não podem ocorrer formas participiais de verbos de posse como ter, possuir, etc.
Desta forma, é igualmente agramatical a frase *«Duas casas são possuídas pelo João».
Esta mesma restrição aplica-se aos verbos intransitivos (ex.: espirrar, cair, etc.) e aos verbos que...
A pronúncia e as sequências de a mais outra vogal
Pergunta: Na pronúncia lusitana, as sequências de a mais outra vogal têm realizações oscilantes: às vezes a corresponde ao fonema aberto /a/, às vezes tende a fechar-se de um ou dois graus. Parece que esta variabilidade caracteriza seja os ditongos, como em paisagem, saudade, abaetar, caotizar, seja os hiatos, como em país, saúde, baeta,...
Açúcar-cândi e açúcar-cande
Pergunta: O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa contém a palavra açúcar-cânde. Que sentido tem o acento gráfico sobre cânde? É para evitar que se acentue todo o composto sobre o u de açúcar?Resposta: O composto açúcar-cande aparece registado com acento circunflexo em "cânde" apenas no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa e no da Porto Editora. No entanto, trata-se de um erro, dado que, quer no composto quer fora dele, o adjectivo...
A diferença entre enredo e diegese
Pergunta: Qual a diferença entre enredo e diegese, por exemplo, no Auto da Índia, de Gil Vicente?Resposta: O enredo é constituído pela sucessão de acontecimentos de uma história, é a acção de uma produção literária (história, novela, conto, peça de teatro, filme, etc.), também designado por entrecho, intriga, argumento ou trama. É, por assim dizer, o esqueleto da narrativa, i. e., o desenrolar dos acontecimentos numa sequência lógica e cronológica, que forma o conteúdo do texto, com princípio, meio e fim. No...
À volta de orações reduzidas de gerúndio
Pergunta: Domino o português como língua estrangeira. Há algum tempo, procuro entender as frases com gerúndio a partir de um ponto de vista pragmático, isso quer dizer que, sem cair no estudo da nomenclatura para diferentes orações subordinadas (onde o gerúndio se mostra importante), parto para o estudo simples do significado de cada oração com gerúndio que encontro. E eis que uma frase interessante cruzou o meu caminho, cito-a dentro do contexto:
«Turistas, há poucos na semana, só o suficiente pra dar ao pessoal que vive de...
