Alexandra Soares - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Alexandra Soares
Alexandra Soares
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Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Ingleses, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Professora de Português.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Qual o sujeito dos verbos abaixo?

«Fuma.»

«Não conversa com a mulher.»

Resposta:

Nas frases indicadas pela consulente, o sujeito é nulo subentendido, uma vez que não apresenta realização lexical mas pode ser interpretado como tendo um referente específico recuperado pela flexão verbal, ou seja, apesar de não estar explícito na frase, percebe-se pela forma verbal usada que se trata de um sujeito na terceira pessoa do singular (ele ou ela).

«[Ele/Ela] fuma.»

«[Ele/Ela] não conversa com a mulher.»

Sobre esta função sintática e, mais especificamente, sobre as interpretações do sujeito nulo, poderá ser consultado o Dicionário Terminológico.

Pergunta:

Como se pronuncia a palavra Henrique? Será como herdeiro (/irdeiro/) ou como Herculano (/Irculano/), ou lê-se o ditongo en?

Resposta:

Aceitando como norma-padrão a pronúncia do dialeto de Lisboa e de Coimbra, a palavra Henrique deverá pronunciar-se [ẽʀikɨ], isto é, lendo a sílaba en- como vogal nasal (correspondente ao e oral) e não como i.

No entanto, sabemos que a pronúncia sofre variações, nomeadamente regionais, pelo que poderemos encontrar alguns registos fonéticos diferentes numa mesma palavra, como, de resto, sucede com as outras palavras referidas pelo consulente, herdeiro e Herculano, as quais, nas regiões tidas como norma-padrão, se pronunciam geralmente do seguinte modo:

[eɾkulɐnu] ou [ɛɾkulɐnu] e [eɾdejɾu].

Pergunta:

Gostaria de saber se a conjunção como poderá introduzir uma oração completiva. Na frase «Soube como resolver o problema», qual a forma correcta de dividir e classificar as orações?

Resposta:

O Dicionário Terminológico define oração substantiva completiva como a que é sujeito ou complemento de um verbo, nome ou adjetivo, podendo ser introduzida pelas conjunções subordinativas completivas que, se e para.

A Gramática da Língua Portuguesa, de M.ª Helena Mira Mateus e outros, na sua parte IV, ponto 15 (Editorial Caminho, 2003, p. 593 e seguintes), refere que estamos perante uma frase subordinada substantiva completiva quando a oração subordinada constitui um argumento obrigatório de um dos núcleos lexicais da subordinante.

Atendendo à bibliografia consultada, parece-nos que, na frase dada como exemplo pela consulente, «Soube como resolver o problema», a oração subordinada («como resolver o problema») se constitui como argumento de «Soube», completando-lhe o sentido, pelo que poderá ser uma oração substantiva completiva. Aliás, é possível aplicar, nesta frase, a regra definida na página 608 da gramática supracitada: «As frases completivas com a relação gramatical de objeto direto são sempre seleccionadas por verbos e podem ser substituídas por um pronome demonstrativo invariável (como isto, isso), em posição pós-verbal, e pelo pronome demonstrativo átono invariável o

Assim, na frase em análise, a oração subordinada desempenha a função sintática de complemento direto, podendo ser substituída pelos pronomes correspondentes:

«Soube como resolver o problema

«Soube isso

«Soube...

Pergunta:

Gostaria de saber se infinitesimal deve ser lido sem acentuação nenhuma ou como se houvesse um acento na letra e [infinitésimal].

Resposta:

Apesar de a palavra infinitesimal não ser graficamente acentuada, ao contrário de infinitésima, da qual deriva, geralmente pronuncia-se com um duplo acento: [ĩfinitɛzimaɫ].

De facto, esta é uma das palavras que, inscrevendo-se na regra geral de que a sílaba tónica da maioria dos nomes e adjetivos do português incide sobre a última vogal do radical, também admite a pronúncia de um acento secundário numa sílaba pré-tónica. Daí que se acentue também a sílaba -te como em -té.

Sobre o acento secundário, poderá ainda ser lida esta resposta e consultada a Gramática da Língua Portuguesa, de Maria Helena Mira Mateus e outros (Editorial Caminho, 2003, p. 1058 e seguintes).

Pergunta:

Como se pronuncia a palavra subsídios?

Resposta:

A palavra subsídios pronuncia-se [subˈsidjuʃ] ou [subˈsiʤjuʃ], na variante de português do Brasil.

Nesta palavra, a sílaba tónica encontra-se grafada com o acento agudo, sendo esta, naturalmente, a mais acentuada.

Relativamente à última sílaba, nela encontramos um ditongo crescente (io), em posição pós-tónica, constituído pela semivogal ou glide [j] e a vogal [u].

 

Nota: Segundo informação do consultor brasileiro Luciano Eduardo Oliveira, subsídio é pronunciada, também, de uma outra forma:[subˈsiʤjus], forma comum para a maioria dos brasileiros. Explica, também, que a dúvida colocada vem do facto de muitas pessoas pronunciarem subzídio.