A. Tavares Louro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
A. Tavares Louro
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Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas — Estudos Portugueses e Franceses pela Faculdade de Letras de Lisboa. Professor de Português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Que significa a expressão «como soe dizer-se»?

É uma expressão portuguesa correcta, qual a sua origem, como e quando pode/deve ser utilizada.

Grato pela vossa colaboração.

Resposta:

Escreve-se sói, e não "soe". Trata-se do verbo soer, que derivou do verbo latino solere e significa «ter por costume» e «estar habituado». Deixou de ter uso generalizado, mas surge esporadicamente. É um verbo arcaico, porque deixou de ter uso frequente, e é defetivo, porque se conjuga apenas nas terceiras pessoas do presente e do pretérito imperfeito do indicativo, respectivamente, sói/soem e soía/soíam.

Pergunta:

Gostava de saber que nome se dá aos habitantes de uma autarquia. Quem vota e participa numa autarquia.

Não sei se isto é claro para me poderem ajudar.

Obrigado pela vossa atenção.

Resposta:

Para a assembleia de freguesia, votam os cidadãos fregueses (indivíduos com direito de voto e inscritos nos cadernos eleitorais dessa freguesia).

Para a assembleia municipal e para a câmara municipal, votam os cidadãos munícipes (indivíduos com direito de voto e inscritos numa das freguesias desse município).

Pergunta:

Gostaria de saber como se designam as bolsas de plástico para colocar documentos. Frequentemente ouço a palavra "mica". Será que as podemos designar desta forma?

Obrigada pela atenção!

Resposta:

Mica é a designação referida ao material em que eram feitos certos utensílios usados nos escritórios. Como actualmente as protecções para as folhas de papel são feitas de plástico, julgamos preferível designá-las por «bolsas de plástico». Mas é verdade que, em Portugal, mica é designação corrente desse artigo, que já se encontra registada no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (2008), da Texto Editora.

Pergunta:

Gostaria de saber qual a relevância da disciplina lingüística na prática pedagógica.

Obrigado.

Resposta:

Toda a investigação científica é relevante para a prática pedagógica, porque permite compreender melhor a realidade. Em função da idade dos alunos, trata-se de informação que requer estratégias e actividades adequadas. Há que fazer uma destrinça entre aquilo que a linguística pode facultar no contexto de conhecimentos básicos sobre o funcionamento da linguagem e das línguas e os avanços que nessa área científica se têm registado: em princípio, não se justifica que novos dados e novas interpretações se integrem imediatamente no conjunto de princípios de análise gramatical, sob pena de desestabilizar a própria base conceptual da prática didáctica e pedagógica. Em suma, a linguística é essencial na formação de professores, no sentido de lhes dar instrumentos mínimos de análise; a sua transposição é permeada pelo que os agentes do ensino considerarem como relevante.

Pergunta:

O adjectivo magnífico tem grau comparativo? E superlativo?

No grau comparativo de inferioridade, conhece-se a forma «menos magnífico do que»? E no superlativo relativo de superioridade, conhece-se «o mais magnífico»?

 

Resposta:

Do ponto de vista meramente morfológico, o adjectivo magnífico poderá ser usado nos graus comparativo e superlativo.

Do ponto de vista semântico, magnífico significa «grandioso», «óptimo», «muito bem feito», etc. Por este motivo, os falantes raramente usam este adjectivo nos graus comparativo e superlativo.