« (...) Quando muitos já comentavam no mundo das redes sociais a forma alegadamente fálica da escultura, outros descobriram também os primeiros erros ortográficos. (...)»
A notícia chegava no final de abril [de 2021]. No âmbito das comemorações do dia 25 de Abril de 1974, a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) inaugurava, no Parque dos Poetas, o Obelisco do Templo. Uma obra de grandes dimensões e com um custo a condizer: 600 mil euros. As críticas não tardaram a chegar.
Só que algumas semanas depois da inauguração, surgem novas controvérsias: além de terem sido detetados vários erros ortográficos nas inscrições, a fachada apresenta já inúmeras manchas; e pelo caminho, uma grua danificou a estrutura.
O obelisco é da autoria do escultor Júlio Quaresma, «uma estrutura de secção quadrangular rematada por um topo piramidal, cuja génese remonta à época do antigo Egipto», explicava a autarquia. Estas estruturas serviam a função de «furar as nuvens, atuando como polo de atração da energia celeste, fazendo a ligação desta à Terra», adiantava a CMO.
Foi construída com granito vermelho, «que representa a força, resistência e a durabilidade», decompondo-se em dois elementos estruturantes: o obelisco em si, de 1759 centímetros de altura, e a base — que mede 1759 milímetros, correspondendo assim ao ano de 1759 quando, a 13 de junho, o concelho de Oeiras foi constituído por carta régia.
Pretende-se que seja uma homenagem aos poetas, escultores e mecenas do Parque, representando também «um tributo aos heróis comuns e, portanto, à vitória do soldado desconhecido». No fundo, um «símbolo de liberdade e da democratização da cultura, no sentido em que todo o parque é um instrumento de acesso à sabedoria», concluía então a autarquia nas suas redes sociais.
As primeiras reações ao anúncio, sobretudo de residentes deste concelho da Grande Lisboa, foram de agrado; mas a verdade é que desde então este Obelisco do Templo tem vivido umas primeiras semanas difíceis, envolto em várias polémicas.
A primeira começou quando vários meios de comunicação social revelaram aquele que terá sido o custo da obra: 600 mil euros. Outros, divulgaram que o monumento terá sido pedido para fechar a triangulação maçónica de Oeiras e segundo a [revista] “Sábado” a estrutura até já terá tido um acidente, quando uma grua deu um toque no laser do obelisco e inutilizou-o.
Depois, quando muitos já comentavam no mundo das redes sociais a forma alegadamente fálica da escultura, outros descobriram também os primeiros erros ortográficos: nas inscrições e, em alguns casos, mesmo nos nomes de poetas e escritores invocados. Primeiro foi um erro na placa aos pés do monumento, onde se lia: «defesa deste espaço de cultura e "laser”, em vez de lazer».
Depois, foram então os nomes invocados: segundo as muitas fotos que andam a circular nas redes sociais, Sophia Mello Breyner estará escrito com “f” em Sophia; Carlos Drumond de Andrade assim mesmo, só com um m em Drummond; e Teixeira “Pascoais” em vez de Pascoaes.
Além disso, nas imagens dos últimos dias está já aparente a degradação, eventualmente por manchas de sujidade, da estrutura. A NiT contactou a autarquia de Oeiras que confirmou a existência de erros, sem especificar quais, mas adiantou-nos que está tudo a ser resolvido.
A placa do “laser” já foi substituída, revelou em primeiro lugar a câmara. De qualquer maneira, adianta a mesma fonte, «trata-se de uma obra escultórica que como qualquer outra pode trazer algumas incorreções».
Segundo a autarquia, «há de facto nomes errados mas que serão corrigidos; há também um pequeno erro na base e as luzes de iluminação também vão sofrer modificações».
A CMO conclui que, até ao final de maio, está previsto que os empreiteiros [encarregado] da obra a entreguem «completa e retificada».
Cf. O erro do obelisco de Oeiras e algumas histórias em volta
Noticia do jornal de digital NIT, data de 8 de maio de 2021.