Diário Digital (7/5/07): «(…) às 21:30, tratam-se de "obras recentes e estreias actuais"». Devia estar: trata-se.
O Jogo (4/5/07): «Faltam decidir três subidas e quatro descidas na 2ª e 3ª Divisões». Devia estar: falta decidir; e 2.ª e 3.ª Divisões.
Lusomotores (19/4/07): «Trabalhadores belgas páram fábrica da Opel». Devia estar: param.
Sei que a ostensão do erro tem algo de injusto. Dados a título de exemplo, os erros na imprensa fazem pressupor um estado de coisas geral, que, fatalmente, põe na sombra quem escreve com correcção e propriedade. Depois, como não se está a fazer um inventário exaustivo de erros, há sempre o factor casualidade — foi o jornal x o visado, mas podia ser o y ou o z. Acresce que a detecção do erro é, muitas vezes, interpretada como um acto de menosprezo, com sabor a escárnio.
Apesar destes riscos, há vantagens na delação do erro: partindo do princípio de que nenhum profissional tem gosto especial em falhar no seu desempenho, a listagem de erros alerta os olhos e os ouvidos para a dúvida quanto à grafia ou fonia de uma forma ou expressão. Do outro lado da comunicação, importa trabalhar a consciência crítica do leitor. Os erros de português pertencem ao rol das ofensas aos direitos dos leitores, tal como, por exemplo, a falta de isenção, a construção ambígua, a falta de confirmação da veracidade das fontes. Mais: as questões de língua estão necessariamente implicadas nestas questões de conteúdo.
Daí a pertinência de uma coluna do provedor do leitor: é certo que o jornal põe a nu as suas fragilidades (falta de copidesques, desatenção da Redacção, etc.), mas ganha na revelação da excelência dos seus leitores.
Saúdo daqui o Público, que mantém o espaço do provedor, nestes moldes, há, pelo menos, uma década.
*Artigo publicado do semanário Sol de 19 de Maio de 2007